O Irã fez o lançamento de um satélite em um foguete com uma referência ao ‘messias islâmico’, uma figura associada ao fim dos tempos na escatologia muçulmana. A menção a essa figura em meio a uma guerra entre Israel e o Hamas foi entendida como uma provocação.
O programa espacial iraniano é tocado em parceria da agência civil de pesquisas sobre o tema com a Guarda Revolucionária do Irã, um corpo militar à parte das Forças Armadas do país que se dedica a proteger o sistema teocrático dos aiatolás, que governam o país há décadas.
O satélite Soraya pesa aproximadamente 50 quilos e foi colocado em órbita a cerca de 750 quilômetros acima da superfície do planeta pelo foguete Qaem 100, que carregava a referência ao 12º imã oculto do Islã xiita escrito na lateral, de acordo com informações da agência Associated Press.
A crença no 12º imã oculto do Islã xiita, o chamado “messias islâmico”, é que essa figura seria enviada por Alá para o período do juízo final. No Irã, há inclusive uma força militar de 200 mil homens treinada e à espera de sua chegada, para servi-lo.
Em 2012, o aiatolá Ali Khamenei anunciou que o país estava se dedicando aos preparativos para a vinda do “imã Mahdi”, que seria o “messias islâmico”. Na escatologia islâmica xiita, essa chegada seria precedida por grandes guerras, durante as quais um terço da população mundial morreria em combate e outro terço por causa da fome e da violência.
A tradição xiita defende ainda que Israel deve ser destruído para que então o imã apareça para matar todos os infiéis, levantando a bandeira do Islã em todos os cantos do mundo. Para os muçulmanos em geral, infiéis são todos os que não se convertem às doutrinas de Maomé, incluindo cristãos e judeus.
“Hoje nós temos o dever de se preparar para a vinda. Se… nós somos os soldados do 12º imã [Mahdi], então devemos estar prontos para lutar”, disse Khamenei na ocasião.