Um grupo de evangélicos se reuniu no Maranhão para protestar com carros de som e faixas contra a construção de um templo católico na cidade de Caxias. O caso é complexo por envolver uma área tombada pelo patrimônio histórico.
O líder do protesto, pastor Paulo Jorge – dirigente da Igreja Batista da Paz -, reuniu fiéis das onze congregações da denominação e realizou uma marcha pelas ruas da cidade maranhense, expondo sua contrariedade com a construção do Mirante Santuário de Nossa Senhora das Graças, no Morro Alecrim, um bairro local.
De acordo com informações do ACI Digital, o pastor justificou o ato como um combate à idolatria: “[É] a nossa segunda marcha profética nos opondo ao projeto de construção de um ídolo aqui, da Senhora das Graças, no Morro do Alecrim”, disse o líder religioso.
Paulo Jorge disse que, além do protesto, entregou um documento à Câmara de Vereadores onde explica a postura adotada: “O que eu desejaria é que nós chegássemos lá e a Câmara pudesse perceber que nós existimos como grupo social”, disse.
Na versão do pastor, a construção do templo católico está sendo planejada em “um sítio tombado pelo patrimônio histórico”, e o projeto faz parte de uma iniciativa da prefeitura de Caxias, apresentado esse ano, que inclui a construção de um hospital, um shopping, pórticos de entrada na cidade e a reforma de uma praça.
O Morro do Alecrim é considerado um sítio histórico, por ter sido palco de batalhas da resistência contra a adesão daquele território da independência do Brasil de Portugal, e décadas depois, local de confronto da “Balaiada”, uma revolta popular maranhense que durou entre 1838 e 1841.
Mesmo com todos esses motivos históricos, o pastor resolveu motivar seus fiéis a protestarem usando a idolatria como argumento: “Estamos fazendo o nosso papel profético”, afirmou Paulo Jorge, que recebeu apoio de outro líder evangélico regional, pastor Esdras Antunes.
“Esta marcha profética é mais uma declaração daquilo que nós cremos”, disse Antunes. “A Palavra do Senhor declara ‘ao Senhor teu Deus adorarás e somente a Ele prestarás culto’. Aqui nós estamos declarando isso, que a nossa adoração é exclusiva é única ao Rei dos reis e Senhor dos senhores, apenas Jesus e mais ninguém”, acrescentou.
Católicos reagiram ao protesto e usaram as redes sociais para repudiar a iniciativa: “A que nível de ignorância chegamos? Uma marcha para criticar a Igreja Católica? Por que não uma marcha pela paz, amor e justiça ? Por que não uma marcha para ajudar os pobres e fazer o bem ao próximo? Infelizmente a intolerância religiosa está acompanhada de uma grande ignorância”, criticou o internauta Danilo Rodrigues.