Um grupo de lideranças evangélicas publicou um manifesto de repúdio à postura adotada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de se recusar a renunciar à função mesmo com as acusações de corrupção que enfrenta.
Para os autores do manifesto – que será protocolado na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira, 29 de outubro, às 16h00 – Cunha precisa renunciar à presidência da Casa para abrir espaço para apuração das acusações.
“A corrupção corrói a confiança na democracia brasileira, deixando a população perplexa com as práticas ilícitas de gestores e de representantes, em diferentes instâncias, de todos os Três Poderes”, diz trecho do manifesto.
O documento, assinado por lideranças das mais diversas denominações protestantes, frisa que a necessidade de retidão no exercício da função pública é imperativa: “As ações do deputado Eduardo Cunha, atual presidente da Câmara dos Deputados e que se identifica como evangélico, merecem repúdio. As denúncias de corrupção e o envio de recursos públicos para contas no exterior inviabilizam a permanência do deputado Eduardo Cunha no cargo que ocupa, uma vez que não há coerência e base ética necessária a uma pessoa com responsabilidade pública”, aponta o manifesto.
Os líderes protestantes reconhecem que há diversidade doutrinária, política e cultural entre os evangélicos, mas recusa o rótulo que a sociedade começa a impor a esse grupo religioso, alegando que o histórico mostra que os atuais representantes evangélicos na política pertencem a uma “safra” equivocada.
“A comunidade evangélica brasileira é diversa tanto em suas tradições e práticas religiosas quanto ideológica e politicamente. Há, nos últimos anos, uma forte tendência, a partir da crescente visibilidade política de lideranças eleitas em diferentes níveis, de homogeneizar essa pluralidade e apresentá-la como se tais representantes fossem a voz dos evangélicos. Nós nos opomos enfaticamente a isto. E afirmamos que, frente a casos como o que protagoniza o atual presidente da Câmara dos Deputados, a corrupção não é a marca distintiva da política para os evangélicos. Ela é a marca de certa ‘safra’ de representantes”.
Ao final, o documento resume seu propósito, pedindo a renúncia de Cunha: “Como evangélicos que prezam a ética, a verdade e a justiça, concordamos quanto à insustentabilidade da permanência do deputado Eduardo Cunha na presidência da Câmara dos Deputados e posicionamo-nos a favor de sua imediata SAÍDA”.
A íntegra do documento, e os nomes de seus signatários, podem ser conferidos neste link.
Protesto
Em outra manifestação contrária a Cunha, a também evangélica deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ), exibiu um cartaz (foto) na Mesa Diretora, com mensagem alusiva às acusações que pesam contra o presidente da Câmara.
Clarissa é filha de Anthony Garotinho, desafeto de Cunha, e tem se queixado que o presidente da Câmara não dá espaço para seus discursos. “Ele não permitiu o tempo de caminhar. Estou há mais de três meses inscrita para falar. Ele sabe que não vou poupá-lo no meu discurso. Ele marcou [sessões] extraordinárias todas as vezes que fui sorteada”, queixou-se.