A postura evangélica de confrontamento em relação à tentativa de imposição de uma cultura secular pela ala “progressista” da sociedade levou o padre Paulo Ricardo, um dos principais líderes católicos no Brasil, a reconhecer que “os evangélicos representam o cristianismo”.
As declarações do padre fazem parte de um vídeo onde ele se queixa da “domesticação” das principais lideranças católicas em termos de hierarquia, que teriam abandonado princípios em troca de boas relações com o poder.
Em tempos de celebração dos 500 anos da Reforma Protestante, o padre Paulo Ricardo termina por fazer um diagnóstico da Igreja Católica brasileira que muito se assemelha à instituição vaticana de cinco séculos atrás, quando as relações com o Estado haviam se tornado promíscuas, e constata que a natureza “protestante” dos evangélicos continua ávida.
“A Igreja Católica já está domesticada… Estes homens que estão no poder não olham mais a Igreja Católica como instância profética… Eles [os evangélicos] é que estão representando o cristianismo em nosso país”, analisou o padre, que anos atrás, se tornou bastante conhecido entre os evangélicos por suas críticas agudas a essa tradição cristã.
“Você que é católico e ouve isso não fica envergonhado? Eu me envergonhei de ser católico”, continua o padre, contundente, antes de explicar que seu constrangimento se refere ao conformismo que se instalou entre os fiéis e o clero católico, aceitando o avanço de ideologias que representam uma tentativa de eliminar os ensinamentos do Evangelho.
Segundo o padre Paulo Ricardo, os sacerdotes católcios transformaram-se em “teólogos de corte”, que observam atentamente o que acontece, mas optam pela omissão. “Me envergonhei que as pessoas olhem para mim, padre, e digam ‘você está no bolso do Governo’… Isso eu não sou”, reclamou, recusando o rótulo.
A preocupação de Paulo Ricardo é com o avanço, na política, se representantes de ideologias de esquerda compromissados com pensamentos “progressistas”, que em nome do bem-estar social, pregam tudo que desconstrói a mensagem do Evangelho. E nisso, diz o padre, os evangélicos têm postura combativa, o que garante que esse avanço seja contido.
Pedindo uma união que ignore divergências teológicas pelo bem da conservação de princípios e valores morais na sociedade, o padre sugere que católicos e evangélicos devem resgatar a antiga tradição cristã de “desobediência civil”, lutando contra as ditaduras de pensamento que são formuladas por grupos como a militância LGBT, o movimento feminista contemporâneo e outros.
A “desobediência civil”, segundo o padre, nos casos em que o governo se presta a “fazer leis contrárias aos mandamentos de Deus”, é apoiada pela Bíblia. “Não posso estar ao lado de um governo que não tem ética cristã, que não tem o pudor de promover todo tipo de imoralidade que visa destruir a família e a moral cristã sob a qual foi construída essa nação”, enfatizou.
Para embasar seu argumento, o padre fez uma observação de contexto histórico, lembrando dos sacerdotes católicos que se aliaram ao fascismo na Itália, que foi liderado pelo então primeiro-ministro Benito Mussolini, e disse sentir “vergonha e desprezo” desses católicos.
Em mais uma severa crítica a alas do catolicismo, Paulo Ricardo ainda lembrou dos adeptos da teologia da libertação, que não pregam mais sobre o inferno como o destino de quem não segue ao Evangelho, e acusando-os de apologetas do “aborto e casamento gay”, um grupo que apoia quem quer “destruir a família, [….] perverter nossos filhos”.
“Estamos muito além do limite… onde estão as vozes proféticas da Igreja católica do Brasil?”, questionou. Assista: