Uma operação realizada pela Polícia Civil contra um esquema de pedofilia e exploração sexual de menores terminou com a prisão de um empresário evangélico e um vereador frequentador da Igreja Mundial do Poder de Deus, em Campo Grande (MS).
O empresário Luciano Roberto Pageu, conhecido como Luciano “Altar”, foi preso em flagrante na companhia do ex-vereador Robson Leiria Martins, recebendo R$ 15 mil do vereador Alceu Bueno (PSL). Pageu e Martins foram presos sob acusação de extorsão.
Os R$ 15 mil seriam uma segunda parcela de um valor combinado entre os três para evitar que vídeos do vereador Alceu Bueno se tornassem públicos. Neles, o político estaria entre duas adolescentes, nuas, trocando carícias. A Polícia suspeita que Luciano “Altar” tenha tido acesso ao suposto vídeo justamente por integrar o esquema de exploração sexual das menores.
Bueno recebeu apoio da Igreja Mundial do Poder de Deus nas últimas eleições municipais, e era visto com frequência nos cultos da denominação na capital sul-mato-grossense. De acordo com informações do site Midiamax, o vereador teria interrompido um programa com duas adolescentes para ir a um culto.
O pastor Edson, um dos líderes da Mundial no estado, garantiu que apesar de ter recebido apoio da denominação, Bueno não é membro: “Ele é da área do futebol. Quando quer vem e quando não quer não vem. A pessoa para ser membro tem que ser batizado e estar congregando”, declarou o pastor, acrescentando que Bueno “não tem vínculo porque não tem responsabilidade com a igreja”.
Justificando o apoio da Mundial à candidatura de Bueno, em 2012, o pastor afirmou que “a pessoa pode se apresentar com um caráter e depois apresentar outro”, e que à época, não havia nada contra o então candidato: “Como vou saber se a pessoa vai fazer alguma coisa? Se não tem nada que desabone, não podemos julgar”, explicou-se.
Em depoimento ao titular da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), Bueno afirmou que foi procurado por Luciano “Altar”, que dizia tentar livrá-lo de uma extorsão.
No diálogo, Bueno teria dito que não via problemas legais no affair pois “as meninas eram de maior e tinham filhos”, e “Altar” teria informado sobre a idade das adolescentes: “Acho que não são [maiores de idade] não, mas como você um homem público, eles podem levar esse celular e levar para a sua mulher ou na sua igreja e acabar com sua honra”.
À Polícia, Bueno admitiu que “tinha dado uma carona para a mulher” e que pagou R$ 100 mil a Luciano “Altar” e ao ex-vereador Martins “por pressão psicológica”. O advogado do vereador, Fábio Theodoro Faria, contraditou o cliente e negou o pagamento dos valores: “O Alceu Bueno nega que tenha praticado sexo com elas e disse que o motivo da extorsão são documentos e um vídeo. Se existe vídeo, vamos pedir perícia técnica, porque é montagem. Ele é vítima de uma armação e extorsão”, disse.
Altar
Luciano Roberto Pageu, 40 anos, é presidente do Grupo Altar, uma empresa que organiza eventos gospel e é responsável pela revista Altar, voltada ao público evangélico, segundo informações do Correio do Estado. Em seu perfil no Facebook, o empresário publica e compartilha mensagens de cunho religioso.