Um costume tradicional dos crentes pentecostais está ameaçado em Cuiabá (MT). Lá, como em muitas outras cidades brasileiras, pastores e membros de igrejas evangélicas costumam empreender escaladas em montes, com o objetivo de orar e buscar a Deus. Essas empreitadas, que às vezes duram dias, são vistas pelos fiéis como uma espécie de sacrifício em busca de santidade – tanto, que a expressão “subir o monte”, no jargão pentecostal, significa consagrar a vida ao Senhor. Mas o bispo Sidnei Furlan, da Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD) na capital matogrossense, está sendo intimado pela Gerência Regional do Monumento Natural Estadual, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) a pedir autorização prévia para realizar suas peregrinações semanais ao topo do morro de Santo Antônio. A justificativa das autoridades é que a região constitui área de proteção ambiental.
O religioso se diz impedido de exercer sua fé. “Nós só fazemos o que está escrito na Bíblia. O Senhor Jesus subia no monte. E eu tenho que subir para as pessoas receberem os milagres”, diz Furlan. Ele costuma subir o morro acompanhado por fiéis de sua igreja e levando pesados sacos com pedidos de oração. Uma equipe de TV acompanha as peregrinações, gerando imagens que são levadas ao ar nos programas da denominação, que controla uma emissora. Muitas vezes, o grupo passa a noite e a madrugada realizando cultos no topo. Na semana passada, ele recebeu um ofício da Sema comunicando que as subidas fora do horário permitido – das 8h às 17h30 – terão de ser autorizadas com antecedência. “O morro de Santo Antônio oferece todas as dificuldades próprias do sacrifício”, explica o bispo. “O que dá a vitória é subir com a mala pesada nas costas e descer com os milagres cumpridos, mas os caras não querem deixar”, protesta.
De acordo com Celso de Arruda, responsável pela administração do morro, o que o bispo tem entendido como proibição é apenas um documento informativo, pois a lei estabelece que a visitação ao local fora do horário estipulado deve ser autorizada. Porém, ele mesmo avisa que o descumprimento implica em crime ambiental e de desobediência, ambos previstos na lei. O cuidado com as visitações, diz Arruda, se justifica devido ao grande volume de lixo que seria deixado no local pelos visitantes. Mas Furlan nega que seu grupo produza qualquer sujeira no local.
Fonte: Cristianismo Hoje / Gospel+