A presença da comunidade evangélica na política se tornou essencial para o país, na visão do ex-ministro Roberto Manganeira Unger (PDT). Ele ocupou o cargo de ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República do Brasil durante mandatos de Lula e Dilma Rousseff, ambos do PT.
Em uma entrevista concedida ao jornal Folha de S. Paulo, o político considerou preconceituosa a postura da imprensa e dos formadores de opinião na área. “O desmerecimento preconceituoso dos evangélicos é um dos maiores escândalos de nossa vida nacional. Eles encarnam a nova consciência que se afirma no país: cultura de autoajuda e de iniciativa”, afirmou, destacando que as ações das denominações cristãs alcançam “número crescente de trabalhadores mais pobres”.
Visto como um “pensador de esquerda” e entusiasta da candidatura de Ciro Gomes em 2018 à presidência da República, Mangabeira disse que seria uma “distorção” tentar forçar os evangélicos a separarem suas convicções de fé da prática política.
“Como [esta ascensão] pode não ser boa se são mais de 40 milhões de brasileiros? Como se pode imaginar a vida política no país sem a sua participação? É uma distorção da ideia republicana imaginar que as pessoas não possam inspirar suas convicções políticas em convicções religiosas”, frisou.
De acordo com o ex-ministro, a ascensão dos evangélicos na política é algo definitivo, e uma prova é a última eleição municipal, em que o bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus venceu a disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro: “[A vitória] reflete o crescimento de um bloco evangélico, que está direcionando a política brasileira para a direita e se tornará mais poderoso e influente”, afirmou, em uma entrevista concedida ao Financial Times.