A Eritreia é um dos países onde há uma intensa perseguição religiosa a cristãos, e esse cenário está se agravando com a iniciativa do governo em prender famíliares inteiras por orarem em suas casas.
No país, aproximadamente 50% da população é cristã, mas a legislação cerceia a liberdade de culto. A outra metade do país é muçulmana, e o governo adotou uma postura agressiva contra a prática religiosa dos cristãos.
“Desde maio deste ano, cerca de 200 cristãos foram presos. O interessante sobre isso é que eles mudaram de tática. Em vez de apenas aparecer nos cultos das igrejas ou em estudos bíblicos, agora o governo está indo para as casas dos cristãos, prendendo famílias inteiras”, disse Todd Nettleton, da entidade Voz dos Mártires nos Estados Unidos.
Em entrevista ao portal Mission Network News, Nettleton explicou que até mesmo “crianças estão sendo presas se forem parte de uma família cristã”. Em um caso específico, 16 alunos foram levados por funcionários do Estado em novembro porque foram vistos orando.
O governo definiu que as celebrações religiosas só podem acontecer em templos, e no caso dos cristãos, a opção é visitar a Igreja Ortodoxa Tewahedo, a Igreja Católica Eritreana ou a Igreja Luterana Evangélica. Todas as congregações domésticas e reuniões fora dessas igrejas não são aceitas e passaram a ser reprimidas de forma enfática.
“A igreja evangélica foi proibida na Eritreia pelo governo. Qualquer tipo de reunião pública da igreja é ilegal, além daquelas nas denominações aprovadas pelo governo”, afirmou. “Então, a qualquer momento, os cristãos que se reúnem, são presos, enfrentam perseguição e prisão. Muitas vezes, essas prisões estão em condições horríveis, sendo mantidas em contêineres que não têm encanamento. Eles têm um fornecimento de ar muito limitado, estão fechados. São quentes no verão e muito frio no inverno”, acrescentou.
Para Khataza Gondwe, líder da equipe da Christian Solidarity Worldwide (CSW) na África e Oriente Médio, a estratégia do governo é impedir que a religião seja uma fonte de contestação, e por isso, as igrejas cristãs permitidas sofrem interferência das autoridades.
“O direcionamento de estabelecimentos educacionais pertencentes a comunidades de fé que são permitidas para funcionar no país é indicativo de uma falta de vontade persistente para respeitar e proteger o direito à educação e o direito à liberdade de religião ou crença”, disse Mervyn Thomas, também ligado à CSW.
Segundo Todd Nettleton, mesmo com toda perseguição, os fiéis continuam perseverando: “Uma das coisas incríveis da Igreja Eritreana é que eles continuam a servir o Senhor, eles continuam se reunindo para o culto. As igrejas que foram fechadas se mudaram quase imediatamente para uma casa, um tipo de atividade subterrânea”, disse ele.
“Eles estão compartilhando o Evangelho. Eles estão vendo outras pessoas indo para Cristo. E esse é realmente um exemplo incrível de fidelidade ao chamado de Deus, mesmo em circunstâncias realmente horríveis”, finalizou Nettleton, de acordo com o portal The Christian Post.