Há uma igreja na China que não acatou a interferência do governo comunista e perdeu seu registro, tornando-se ilegal e alvo de perseguição constante. O episódio mais recente de repressão resultou no despejo à força de várias famílias, além da prisão de três membros.
A Early Rain Covenant Church (nome que pode ser traduzido como “Igreja do Pacto da Chuva Temporã”) vem sofrendo forte perseguição em todas as províncias chinesas. Agora, três membros da igreja no distrito de Wenjiang, na província de Chengdu, foram presos, e algumas famílias foram despejadas.
A denúncia foi feita pela entidade Christian Solidarity International (CSW), que tem sede no Reino Unido e se dedica a monitorar a perseguição religiosa contra cristãos ao redor do mundo. Os três presos foram o vice-diácono Jia Xuewei, um pregador chamado Ding Shuqi, e outro membro da igreja, Shu Qiong.
De acordo com informações do portal The Christian Post, os três receberam a mesma punição acusados de “atividades em nome de uma organização social proibida”, uma referência à atuação da Early Rain Covenant Church.
A detenção administrativa, frequentemente usada para ofensas menores à ordem pública, permite que as autoridades chinesas prendam e detenham indivíduos sem julgamento por até 20 dias, explicou a CSW, acrescentando que não é incomum alguém ser transferido para detenção criminal ou vigilância residencial em um local designado após a conclusão de sua detenção administrativa.
Repressão desumana
Um dos líderes da congregação, o ancião Li Yingqiang, foi levado junto com sua esposa à força pela polícia de Wenjiang para Deyang, outra cidade na província de Sichuan, sem tempo para pegar seus filhos e as chaves de sua casa alugada.
Outro vice-diácono, chamado Xiao Luobiao, teve seu medidor de eletricidade roubado, e ele e sua esposa, Chen Yan, foram ameaçados de despejo alguns dias depois. O carro da família foi então vandalizado com pixação.
A própria igreja informou a CSW que seis membros, além de outras famílias, relataram estar sob pressão para deixarem suas casas. A família do vice-diácono Xiao e três outras que vivem no mesmo condomínio no distrito de Shuangliu, em Chengdu, sofreram intimidações violentas.
O governo tem usado as redes sociais para tornar a perseguição aos cristãos ainda mais abrangente: um aviso, publicado na WeChat, a maior rede social da China, cobrou dos proprietários de imóveis que não renovem ou rescindam seus contratos de aluguel com inquilinos que “organizam atividades ilegais em o nome da religião”. Dessa forma, o governo comunista tenta impedir a realização de cultos domésticos.
A China reconhece apenas cinco grupos religiosos que se submetem à influência do governo. Os cristãos de igrejas que se negam a acatar a cartilha comunista, perdem o registro e se tornam alvo de intensa perseguição.
“Mesmo para os padrões do Partido Comunista Chinês, estamos chocados com essas detenções arbitrárias e ataques de gangues que as autoridades de Chengdu lançaram contra membros e famílias do ERCC”, disse Scot Bower, diretor da CSW.
“Mais de quatro anos se passaram desde a prisão do pastor Wang Yi, e sua repressão à igreja continua e as autoridades agora recorreram a medidas ilegais abomináveis para forçar os líderes e membros da igreja a desistir de seu direito de praticar sua fé. em público ou mesmo em privado”, acrescentou Bower.