O encontro entre o pastor Marco Feliciano (PSC-SP) e o youtuber Felipe Neto terminou com um pedido do segundo para que seus seguidores se tornem menos agressivos em relação àquilo que discordam na sociedade.
O debate surgiu após o atentado terrorista em Orlando, Flórida (EUA), quando Feliciano reagiu às falas de militantes LGBT – incluindo o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) – que tentavam associar às doutrinas evangélicas a intolerância de Omar Mateen contra os homossexuais frequentadores da boate Pulse.
Na ocasião, Felipe Neto se referiu a Feliciano como um “lixo humano”, propôs um debate e recebeu de volta um convite para visitar o gabinete do pastor. Quando o encontro aconteceu, o youtuber se retratou.
“De início, pastor, eu quero pedir desculpa para você – que provavelmente não é o que as pessoas estão esperando, que eu comece um debate pedindo desculpas – mas a explosão que eu dei no Twitter foi algo que eu recrimino. Não teria porque, por discordar de você, te atacar pessoalmente, ao invés de atacar suas ideias ou questionar suas ideias. Então, por eu ter te xingado, ter falado mal da sua pessoa, eu peço desculpa”, disse.
Feliciano afirmou que, como pastor, já o havia perdoado “lá atrás”, e inclusive orado por Felipe Neto e pela oportunidade do encontro.
Destacando que não é um porta-voz da militância LGBT, Felipe Neto disse que queria debater o casamento entre pessoas do mesmo sexo, e o pastor apontou fatores legais – como a família tradicional ser um dos pontos de defesa do Estado, segundo a Constituição – e fatores religiosos – a Bíblia condena a prática homossexual e prega o casamento heterossexual – como seus principais motivos para se opor ao casamento gay.
Em seu argumento, Feliciano destacou que um erro já foi reparado – de forma heterodoxa – quando o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu o direito à união estável, estendendo o direito aos bens e pensão em caso de morte de um dos companheiros.
Felipe Neto questionou a visão da homossexualidade a partir da Bíblia Sagrada e tentou minimizar o fato de que só quando Paulo se tornou apóstolo Paulo o assunto surgiu no Novo Testamento, mas foi surpreendido por Feliciano, que reiterou a importância de Paulo como um dos principais responsáveis pela difusão da mensagem do Evangelho e a afirmação que pregar contra a homossexualidade baseada apenas no que diz o livro de Levítico é “ignorância”.
Feliciano ainda pontuou as diferenças sobre questões pontuais abordadas por Paulo no que se referia a hábitos culturais de cada uma das cidades por onde viajou – como a questão da proibição às mulheres para falar na igreja – e a questão da homossexualidade, abordada pelo apóstolo em apenas uma ocasião, na carta aos Romanos.
Ao final do debate, Neto defendeu que as igrejas estejam passíveis à tributação, pois muitas delas viraram “negócio”, e foi rebatido por Feliciano, que argumentou que os membros das igrejas já pagam impostos cotidianamente, e que os casos de mal-uso da fé para enriquecimento ilícito não é regra, e sendo assim, não se deve tolher a liberdade de culto com impostos para as igrejas.
Assista a íntegra do debate: