O pastor Marco Feliciano (PSC-SP) afirmou que no Brasil, os homossexuais não sofrem mais preconceito do que pessoas obesas, negras ou religiosos, por exemplo. A polêmica declaração acontece no mesmo momento em que o principal ativista gay do país, deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) é alvo de intensas críticas por seu discurso precipitado e acusatório no caso Kaique, adolescente homossexual que se suicidou em São Paulo.
Para Feliciano, até o início de seu mandato à frente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), houve exagero na forma como a homofobia era tratada politicamente, e afirma que o preconceito contra homossexuais não é maior do que o “que religiosos, negros, gordinhos, magrinhos etc” sofrem todos os dias.
“Em 2012 houve no Brasil 50 mil assassinatos. Destes 270 foram assassinatos ligados a crimes sexuais com homossexuais. Destes 270, 70% foram crimes cometidos por parceiros homossexuais, ou seja, crimes passionais. Não há como alardearem um genocídio gay. Lembro-me que antes de assumir a CDHM os deputados desta comissão diziam que recebiam milhares de ligações por dia de denúncias de crimes homofóbicos. Assumi em março de 2013. De janeiro até dezembro, não houve uma única denúncia na CDHM. Alguém pode dizer que era porque eu estava ali, mas só fui pra lá em março, ou seja, 90 dias passaram sem uma única ligação, quando diziam que eram milhares por dia. Alguém estava faltando com a verdade”, revelou o deputado, numa entrevista concedida ao jornal A Voz, publicação regional do interior de São Paulo.
O pastor voltou a afirmar que a homossexualidade é “um fenômeno comportamental”, e que por isso, deve ser estudado por especialistas: “Penso que o assunto não está esgotado, psicólogos precisam se dobrar sobre este assunto e estudar mais. Sobre a união homoafetiva, ela existe e ponto. Daí transformá-la em casamento sou contra, afinal a Constituição Federal no Art. 226 parágrafo 13, diz que uma união estável só pode ser transformada em casamento se for a união entre um homem e uma mulher. Como parlamentar, defendo a Constituição”, ponderou.
Brasília, eleições e polêmicas
Segundo Marco Feliciano, o cargo de deputado federal exige que o político assuma uma postura e trabalhe por ela durante todo o tempo de seu mandato: “Não dá pra ser clínico geral em Brasília, é preciso levantar uma bandeira e lutar por ela. A minha bandeira sempre foi a família e as liberdades de expressão e de culto […] Fiquei conhecido pela esquerda da casa como ‘pedra no sapato’, deputado conservador e fundamentalista religioso”, disse o pastor.
Nas eleições deste ano, Feliciano praticamente descarta candidatar-se ao Planalto: “Se meu partido, o PSC, me desse à legenda para presidente eu não temeria. Todavia me sinto despreparado hoje, mas num futuro próximo tudo pode acontecer. O IBGE diz que dentro de 10 anos o Brasil, que hoje tem 40 milhões de evangélicos, terá a metade de sua população evangélica. Se esta profecia se cumprir, hoje sou o evangélico político mais popular do Brasil”, afirmou.
Suas declarações polêmicas veiculadas à exaustão na mídia em geral são um ponto no passado, segundo o pastor: “A mídia divulgou vídeos que tem mais de 15 anos como se fossem atuais. Vídeos de quando havia embates entre católicos e evangélicos, por exemplo. Hoje trabalho ao lado de padres em uma luta onde mais são as coisas que nos unem, do que as que nos separam. Em 15 anos um homem amadurece e revê muito do que fez”, finalizou.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+