Ray é um missionário cristão norte-americano que trabalhou por algum tempo na Visão Mundial, organização pela qual viajou para atuar na Mauritânia, uma república islâmica na costa oeste da África. Mesmo sabendo dos riscos envolvidos, ele foi com a sua esposa e filha, certo de que esse era o propósito de Deus para a vida da sua família.
“Nós éramos a maior organização humanitária que trabalhava com o governo para combater a pobreza no país”, disse ele ao canal CBN News, explicando que devido aos riscos, o Governo local providenciou seguranças para sua família.
“Havia pedras jogadas em nossos carros. E o governo designou guardas em nossa casa, em nosso escritório, em volta da escola da minha filha. Então foi um tempo muito tenso”, contou ele.
A tenção diminuiu com o passar do tempo e consequentemente a exigência de proteção. Certo dia Ray decidiu levar sua filha, Hannah, em uma praia nas proximidades. Quando ele já estava no local, foi verificar seu carro, quando foi abortado por um homem árabe que o cumprimentou e perguntou se ele era americano.
“Eu disse sim, sou. E então ele disse, bem obrigado, e seguiu seu caminho. Ele deu cerca de 3 passos, se virou e me chamou. Quando me levantei, ele tinha uma pistola de 9 mm apontada para o meu peito”, disse Ray, lembrando que o sua primeira reação foi pensar na filha.
“Claro, como pai, todos os meus pensamentos eram sobre ‘como eu protejo Hannah?'”, conta. Eu estava esperando que, se ele me pegasse, talvez a deixasse em paz”. Todavia, no momento de desespero, o pior terminou acontecendo. Na primeira tentativa a arma do homem não disparou.
“Foi clique-clique-clique. E ele pegou a arma e bateu duas vezes e mirou novamente. Mas com os gritos de Hannah, ele tirou a arma da mira de mim e apontou para Hannah”, disse Ray, que antes do novo disparo tentou se jogar na frente da arma, mas a bala atravessou o seu braço e o vidro do carro, atingindo a criança.
Socorro médico e um perdão inesperado
“A bala passou pelo meu braço e atingiu o centro do peito dela, e então meu mundo desmoronou. Então ela me disse: ‘Papai, estou prestes a morrer?’ Eu só pude responder com fé. Algo simplesmente brotou dentro de mim e eu disse ‘Hannah, você não vai morrer’”, lembra o missionário.
Ray conseguiu chegar no hospital com sua filha e o exame médico verificou que a balha não havia atingido nenhum órgão vital. “Ela bateu em seu esterno, deslizou sobre sua caixa torácica e saiu em sua axila”, disse o missionário.
Alguns dias depois do incidente o homem foi identificado. Ali Ould Sidi havia cometido o atentado contra a família de Ray e preso pelas autoridades. Apesar disso, o missionário conseguiu uma autorização judicial para visitar o homem na prisão, junto com a sua filha.
“Vê-lo foi apenas uma espécie de alívio”, disse a garota. “Porque eu vi que ele também era humano. E ele não era um monstro; ele era apenas um homem. E ele parecia muito triste”. “Ele ficou obviamente chocado ao nos ver. E você poderia dizer pelo olhar em seu rosto que ele estava esperando que nós o acusássemos, para lhe trazer mais tristeza”, disse Ray.
Para surpresa do homem, Hannah testemunhou sua fé em Cristo, se virando para ele e dizendo: “‘Sr. Ali, não tenho nenhuma amargura no coração por você e perdoo você’. Ele congelou e não se moveu por alguns segundos”, lembra a garota. “E eu vi o quão frágil ele era”.
Um testemunho para a vida do muçulmano
Alguns dias depois, Ray e sua família receberam uma carta escrita por Ali. Nela está escrito o quanto ele havia sido impactado pelo testemunho de fé e perdão da família:
“Não consigo encontrar as palavras para descrever nossa reunião hoje. Embora eu ainda sinta remorso em relação ao mal que causei a você, palavras não podem expressar a profundidade da minha alegria em vê-lo com sua filha, aquele anjinho vivo e bem. Muitas vezes ouvi falar da caridade cristã, da bondade e do amor cristãos. Quando você veio me ver, eu vi e experimentei”, escreveu o homem.
Desde então Ray e sua família nunca mais ouviram falar do homem, mas saíram da Mauritânia certos de que cumpriram o dever cristão. Hannah disse que o perdão é fruto do Espírito Santo, não deles, e que só Deus pode fazer isso por alguém.