O discurso revanchista do ex-presidente Lula (PT), com declarações que denotam intenção de silenciar padres e pastores que se oponham à ideologia de esquerda e suas pautas identitárias, foi comentado pelo escritor Flavio Gordon como um risco real de perseguição religiosa no Brasil.
Em seu artigo publicado pelo jornal Gazeta do Povo, Gordon pontuou que o cenário vivido por cristãos no regime autoritário de Daniel Ortega, na Nicarágua, é um grave alerta ao povo brasileiro:
“Isso deveria, sim, servir de alerta ao Brasil, sobretudo quando o candidato Luiz Inácio Lula da Silva – velho aliado do ditador nicaraguense, e ademais simpatizante declarado das estratégias revolucionárias chilena e boliviana (que incluíram ondas de ataques a igrejas) – intensifica sua retórica de enquadramento dos cristãos (católicos e evangélicos), deixando muito claro que, num eventual terceiro mandato, só serão tidos por legítimos os cristãos que se comportarem de acordo com a etiqueta política do lulopetismo”, contextualizou.
Lula vem acumulando declarações hostis a cristãos nos últimos meses, tendo referido-se a pastores como farofeiros e dito, mais recentemente, no lançamento de sua campanha no Vale do Anhangabaú, em São Paulo (SP), que padres e pastores são desnecessários:
“Igrejas não têm que ter partido político, porque as igrejas têm que cuidar da fé e da espiritualidade das pessoas, e não cuidar de candidatura de falsos profetas ou de fariseus que estão enganando esse povo inteiro […] Eu falo isso com a tranquilidade de um homem que crê em Deus. […] Quando quero conversar com Deus, eu não preciso de padres ou pastores. Eu posso me trancar no meu quarto e conversar com Deus quantas horas eu quiser, sem pedir favor a ninguém. É assim que a gente tem que fazer para a gente não ser obrigado a escutar pessoas contando mentiras”, disse Lula na ocasião, em clara afronta.
No último domingo, na quadra da escola de samba Portela, no Rio de Janeiro, Lula voltou a falar que pretende definir quais pastores são legítimos e quais devem ser censurados: “O pastor que segue ele não pode ser pastor, não acredita em Deus, não pode falar em nome de Deus. Eles agora estão nervosos comigo porque eu estou falando o seguinte: se preparem porque eu vou voltar, a gente vai consertar esse país”, disse, referindo-se a seus opositores.
Hostilidade ostensiva
Gordon pontuou que há outros fatores a serem observados na conjuntura brasileira, como por exemplo, a relativização da profanação de um templo católico em Curitiba (PR) pelo vereador Renato Freitas (PT) por parte do ministro do STF Luís Roberto Barroso:
“Num contexto em que, partidário de Lula e autoproclamado ‘iluminista’ (talvez simpático, portanto, à proposta voltaireana de ‘Écrasez l’Infâme‘), um ministro do STF restitui o mandato de um vereador cassado por invadir uma igreja e violar com slogans revolucionários um espaço de culto, esse discurso em prol de uma igreja ‘companheira’ deveria preocupar todos os cristãos”, criticou.
“Lula recorre àquilo que socialistas ateus (como Marcelo Freixo e Manuela D’Ávila, por exemplo) costumam fazer em período eleitoral: a famosa (e canastrona) pose de santinho do pau oco. No caso do ex-presidiário, todo o intelectual coletivo formado pela imprensa amestrada, artistas, marqueteiros e influenciadores petistas corre para requentar velhas mentiras. A primeira é a de que Lula é pessoalmente um homem de fé, um católico. A segunda é a de que o próprio PT surgiu da Igreja Católica”, desabafou o escritor.
Ao final, Gordon sintetiza seu sentimento sobre os problemas representados pela esquerda no Brasil: “Seguindo o exemplo do que ocorre em vizinhos latino-americanos comandados por partidos socialistas, o Brasil corre, sim, o risco de, num eventual novo governo lulopetista, ver recrudescer a perseguição às igrejas cristãs”.