A deputada Flordelis (PSD-RJ) foi internada no Hospital Niterói D’Or horas depois que a Justiça determinou seu afastamento do cargo. O motivo da internação alegado foi uma queda de pressão.
O advogado que defende Flordelis no processo em que ela é acusada de mandar matar o marido, pastor Anderson do Carmo, declarou que a parlamentar vinha fazendo uso de medicamentos controlados e, devido à queda de pressão, foi socorrida por amigos ao hospital na cidade da região metropolitana do Rio.
“Em decorrência de tudo que vem ocorrendo ela realmente precisou ser hospitalizada novamente. Neste momento estamos no hospital aguardando retorno médico”, disse a assessoria da deputada ao portal Congresso em Foco.
Poucos dias antes, uma nota assinada pela deputada também alegava problemas de saúde para não comparecer à votação sobre a prisão de Daniel Silveira (PSL-RJ): “Por força de todo nervosismo com minha situação jurídica e política atual e do estresse que o momento me ocasiona, fui tomada por um mal súbito (ainda sequelas de um AVC), que me obrigou a buscar ajuda médica no dia de hoje. Assim, não me foi possível participar da votação sobre o deputado Daniel Silveira”.
Afastada
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) decidiu afastar Flordelis de seu mandato de deputada federal na última terça-feira, 23 de fevereiro. A 2ª Câmara Criminal votou, por unanimidade, pelo afastamento das funções. Agora, a Câmara dos Deputados deve votar para decidir se confirma ou não a decisão judicial.
O pedido de afastamento foi feito pelo promotor Carlos Gustavo Coelho de Andrade, que recorreu ao Tribunal de Justiça após a juiza Nearis dos Santos Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói, ter negado seu pedido para afastar Flordelis de suas funções, conforme informações do jornal Extra. A defesa da deputada pode recorrer da decisão ao próprio TJ-RJ, caso a Câmara confirme a decisão.
O desembargador Celso Filho afirmou, relator do caso, afirmou em seu voto que há ações da deputada que indicam seu interesse em dificultar a “busca pela verdade”: “Há situações que me causaram perplexidade. São 50 anos que convivo nessa casa de conflitos e há muito tempo não vejo uma situação tão complexa, estranha e que causa tanta surpresa. Lidamos com homicídio, improbidade administrativa, vários desvios, mas nesse processo há uma gama de circunstâncias estranhas, sobre as quais não vou tecer comentários”, disse.
Em nota, a parlamentar comentou a decisão de afastamento: “Me coloco integralmente em respeito a todos os procedimentos que levem a realização de Democracia e Justiça, para nossa Nação. Tenho fé nesta Justiça, no povo e principalmente em Deus! Confio que a Casa será fiel a esses princípios e saberá construir a melhor política para o país”.
Esse afastamento pela Justiça não tem relação direta com o processo que Flordelis vem sofrendo no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. A decisão do TJ-RJ é válida por um ano, e caso seu mandato não seja cassado pelos colegas parlamentares, em tese ela poderá retomar o cargo em fevereiro de 2022.
Três deputados foram sorteados para a relatoria do processo no Conselho de Ética: Alexandre Leite (DEM-SP); Fábio Schiochet (PSL-SC); e Gilson Marques (Novo-SC). O deputado Juscelino Filho (DEM-MA), presidente do Conselho de Ética, deverá escolher um nome a partir dessa lista para ser o relator.
Até agora, Flordelis não foi presa porque goza de imunidade parlamentar. Os outros 10 réus no processo estão presos, incluindo sete filhos e uma neta da deputada. O julgamento dos filhos de Flordelis que estão, supostamente, diretamente ligados à morte de Anderson do Carmo, Flávio dos Santos Rodrigues e Lucas Cézar dos Santos serão submetidos a júri popular a partir de 23 de novembro próximo, conforme decisão da juíza Carvalho Arce.