As suspeitas de que há uma influência de lideranças islâmicas nos protestos contra o governo na França cresceram na última quinta-feira, 13 de dezembro, após os judeus do país se tornarem vítimas de hostilidade nas manifestações.
O antissemitismo surgiu nos protestos dos “coletes amarelos” por conta de publicações em redes sociais, pichações e cartazes pregando o êxodo dos judeus da França. Sinagogas em Paris foram fechadas como medida de segurança, para evitar que a situação tomasse outras proporções.
De acordo com informações da Confederação Israelita do Brasil (CONIB), “um grande banner pendurado na estrada principal que liga Paris a Marselha chama o presidente Emanuel Macron de ‘a prostituta dos judeus’”.
Recentemente, o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã – país que prega a extinção de Israel – afirmou que os protestos na França são sinal do “despertar islâmico” no mundo. Jornais egípcios afirmam que a Irmandade Muçulmana tem infiltrado agentes nas manifestações para praticar vandalismo e violência.
Nas redes sociais, mensagens anônimas publicadas em associação aos protestos pregavam ódio aos judeus: “Foram os judeus ricos que elegeram Macron, seu fantoche, e são eles os responsáveis pela redução de impostos sobre os mais ricos e por toda a atual situação econômica”, dizia uma das mensagens.
Vídeos divulgados durante os protestos fizeram críticas ao acendimento das velas de Chanucá, afirmando que “o povo judeu celebra enquanto os franceses não têm o que comer”. Em seguida, o artista francês antissemita Dieudonné M’bala M’bala e seus apoiadores juntaram-se aos “coletes amarelos” e juntos repetiram o gesto de saudação nazista.
O músico francês Stephen Ballet, envolvido em polêmicas de racismo e morador de Istambul, na Turquia (país de maioria islâmica), divulgou um vídeo encorajando os protestos e sugerindo que era preciso entender “que o verdadeiro inimigo são os judeus”. Em outro vídeo recente, Ballet havia dito que o ritual judaico de acender velas de Chanucá em frente à Torre Eiffel “é uma provocação deliberada dos judeus contra o povo francês”.
Uma organização beneficente judaica, chamada Beit Chabad, emitiu um comunicado afirmando que iria suspender as atividades por precaução: “Pela primeira vez, o Beit Chabad não vai abrir amanhã, na manhã de Shabat, por medida de segurança, porque a polícia não tem o controle da situação”.
Outros centros comunitários judaicos e sinagogas também suspenderam as atividades: “A sinagoga Eli Dray recomenda não realizar serviços na parte da manhã”, relataram os judeus Tova e Yehoshua Nagler, que estavam hospedados em Paris para o Shabat.
A Irmandade Internacional de Cristãos e Judeus, que ajuda judeus a imigrarem para Israel, observou que após o começo dos protestos na França houve um aumento no número de judeus interessados em emigrarem para Israel.