Um pastor da Assembleia de Deus, acusado de integrar uma quadrilha que aplicava golpes através de fraudes ao Poder Judiciário, foi afastado oficialmente pela Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB).
Efraim Soares de Moura é acusado de integrar um grupo que criava histórias fictícias de reconhecimento de paternidade para mover processos contra pessoas, vivas ou mortas, com contas bancárias milionárias sem movimentação.
Os envolvidos eram pessoas que “encenavam” a busca pelo reconhecimento da paternidade, advogados, ex-policiais e até um juiz, Levine Raja Artiaga, que finalizava as fraudes dando ganho de causa aos requerentes ilegítimos.
O envolvimento do pastor era simples: fazer a ponte entre os falsos herdeiros e o juiz, para não levantar suspeitas. O valor determinado nas sentenças era repartido entre os criminosos, e a parte do juiz Artiaga nas fraudes era entregue pelo pastor, através de depósitos bancários.
O caso se tornou de conhecimento nacional ao ser tema de uma reportagem especial do Fantástico, da TV Globo. Em depoimento ao Ministério Público, o pastor Efraim Soares de Moura preferiu ficar em silêncio, e não atendeu aos pedidos de entrevista feitos pela reportagem.
A promotora responsável pela investigação, Gabriella de Queiroz Clementino, afirmou que o caso evidenciou que “há uma corrida do ouro em todo o país para ajuizamento de ações fraudulentas baseada em histórias falsas, documentos falsos”, que vêm sendo usados para ludibriar o Poder Judiciário e encher os bolsos de criminosos.
Afastamento
Diante das acusações, a CGADB emitiu nota enfatizando que não admite a prática de crimes por seus ministros afiliados e que, até que as investigações e o processo sejam concluídos, o pastor Efraim está afastado de sua função eclesiástica, de acordo com informações do portal JM Notícia.
Confira a nota da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil na íntegra:
“A Convenção Geral dos Ministros das Assembleias de Deus do Brasil – CGADB, por seu Presidente Pr. José Wellington Costa Junior, através da presente Nota Oficial, vem, à público, manifestar-se quanto aos fatos noticiados pela imprensa em 24 de Outubro de 2021, apresentando o Pr. Efraim Soares de Moura (Itumbiara – GO), como “peça chave em práticas criminosas no desvio de valores em contas bancárias”.
A gravidade das denúncias, investigadas pelo Ministério Público do Estado de Goiás, enquadradas na Lei das Organizações Criminosas n. 12.850/2013 e Artigos 171 e 133 do Código Penal Brasileiro, também indicam referido ministro como protagonista do esquema criminoso.
A CGADB não coaduna e não admite tais práticas por quaisquer de seus ministros e, já determinou a instauração do devido Processo Ético Disciplinar em desfavor do Pr. Efraim Soares de Moura, para a aplicação das medidas disciplinares cabíveis, previstas no Estatuto, Regimento Interno e Código de Ética e Disciplina, observado o devido processo legal.
Rio de Janeiro, 26 de Outubro de 2021
Pr. José Wellington Costa Junior
Presidente”