O furacão Harvey perdeu força ao chegar aos Estados Unidos e foi rebaixado pelos meteorologistas para a categoria de tempestade tropical. Ainda assim, muitos danos foram causados e dezenas de mortos são contabilizados conforme as buscas avançam. Em meio a tudo isso, dois pastores chamaram atenção por iniciativas opostas.
Um pastor inspirou outros cidadãos na cidade de Houston, no Texas – o estado mais atingido até agora -, a se comprometerem com a segurança e bem-estar do próximo em meio ao mais forte furacão que atingiu o país nos últimos dez anos.
O cidadão Brian Roberson contou à CBS News que viu um homem conferindo carros que estavam submersos em uma enchente numa rodovia para garantir que não haviam pessoas presas: “Ele queria ir até lá para garantir que aqueles carros estavam vazios, que não havia ninguém precisando de ajuda ali. Foi algo realmente poderoso ver aquilo em primeira mão”, disse.
Mesmo com a água na altura do peito, aquele homem verificou cada carro que havia sido atingido pela enchente. Em certo momento, ele subiu em um SUV preto para se certificar que ele estava vazio.
“Ele não precisava fazer isso. É simplesmente uma coisa maravilhosa de se ver. Isso simplesmente mostra o poder da união entre os moradores da nossa cidade e do nosso estado. Estamos aqui um pelo outro”, comentou Robertson.
As pessoas que assistiam à cena, assim como Robertson, tentaram desestimular aquele homem: “Não vale a pena arriscar”, gritavam. Mas, a certa altura, o voluntário respondeu: “Eu não vou voltar até verificar duas vezes cada um deles”.
Diante dessa situação, Robertson correu para seu carro e pegou uma corda para jogar ao voluntário caso fosse preciso: “Eu tinha a corda pronta, mas não havia uma correnteza forte naquele momento, então ele conseguiu voltar sozinho”, explicou.
Quando o homem saiu da água, Roberson foi agradecê-lo por sua demonstração de coragem, e descobriu que o voluntário era, na verdade, um pastor que lidera uma igreja na região central de Houston, e que tinha feito aquilo por considerar que era o correto, já que os cultos de sua denominação haviam sido cancelados e ele sentia que precisava prestar ajuda.
“Ver alguém que está lá, [com] 30 anos ou mais do que eu, com essa dedicação, correndo esse risco, foi algo incrível”, disse Roberson à emissora de TV. Ele terminou por não conseguir descobrir o nome do pastor, mas publicou as imagens de sua iniciativa no Facebook, e a repercussão foi imediata, com muitas pessoas aprovando e compartilhando a história.
“As pessoas em Houston estão procurando por ele. Pessoas até de Nova Orleans e Flórida estão esperando identificar o homem para fazer uma doação à sua igreja. Alguém disse que estava disposto a dirigir por sete horas até Houston para visitá-lo”, concluiu Robertson.
Críticas
O exemplo dado por esse pastor anônimo, no entanto, infelizmente precisou dividir as manchetes com uma postura completamente oposta, adotada por um pastor renomado, que agora está no centro de uma tempestade de críticas: Joel Osteen, líder da Lakewood Church, que possui um megatemplo, recusou abrir o espaço para receber parte dos 30 mil desabrigados.
A igreja que Osteen lidera tem capacidade para receber 17 mil pessoas sentadas, com infra-estrutura de banheiros, cantinas e outras salas que poderiam acolher milhares de desabrigados, mas o pastor – pregador da teologia de prosperidade – recusou usar o megatemplo para esse fim, de acordo com informações do Revere Press.
A mídia norte-americana repercute que Joel Osteen teria mentido ao alegar que o megatemplo não poderia receber refugiados porque o local estava inundado, mas os veículos de imprensa locais noticiam que no bairro onde o edifício está situado não houve enchentes. Relatos nas redes sociais, de pessoas que vivem em Houston, também vão na mesma direção, com alegações de que a Lakewood Church estava intacta e teria condições de ajudar necessitados.
Um dos moradores da cidade foi até o megatemplo da igreja e filmou o local, mostrando que não havia enchente naquela área: “Joel, se você estiver aí, abra as portas”, afirmou. Em seguida, o rapaz decide ironizar, mostrando um fio de água que corre para o bueiro e diz: “Joel não pode ajudar porque está tão inundado agora…”. Assista:
Atualização: após intensas críticas da comunidade e da imprensa, a Igreja Lakewood finalmente abriu as portas da comunidade e começou a receber as vítimas após quatro dias de tragédia.