O ativismo LGBT tem adotado uma postura agressiva contra agências de adoção infantil que seguem preceitos cristãos, movendo ações judiciais para determinar seu fechamento por conta da oposição ao casamento gay. A polêmica postura tem sido levada adiante mesmo com a estratégia causando prejuízo às crianças que aguardam por um lar.
Shamer Flore, uma jovem que foi criada por uma família adotiva, falou sobre a situação durante um depoimento no tribunal distrital do leste de Michigan, nos Estados Unidos, na última quarta-feira, 07 de março, quando depôs a favor do trabalho da agência cristã que a ajudou encontrar um lar.
“Agências como a St. Vicent encontram casas para crianças negligenciadas e abusadas – como eu já fui um dia. Eu não teria uma família ou um futuro se não fosse pelo [trabalho da agência] St. Vicent”, enfatizou Flore.
De acordo com informações do portal The Christian Post, o escritório de advocacia Becket está representando a agência St. Vicent no tribunal. Os defensores emitiram uma nota destacando que o trabalho desenvolvido pela entidade é essencial para ajudar crianças em busca de um lar adotivo, já que o estado de Michigan possui milhares de crianças nessa situação.
A oposição ao trabalho de agências como a St. Vicent é feita de forma maciça através da União Americana de Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês), que em setembro de 2017 apresentou uma ação judicial contra o estado de Michigan por manter parcerias com agências de adoção norteadas por princípios cristãos e que se opõem ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
“Quando o Estado contrata agências privadas para ajudar crianças a encontrarem famílias adotivas sob sua custódia, essas agências não podem afastar as famílias com base em critérios religiosos, assim como o Estado não seria permitido fazê-lo”, disse Leslie Cooper, advogada do grupo ACLU LGBT & HIV Project, classificando a visão cristã como discriminatória.
“Os serviços governamentais não devem ser fornecidos com base em padrões religiosos e o dinheiro do contribuinte não deve ser usado para financiar agências que discriminam com base em religião ou orientação sexual”, acrescentou.
No entanto, toda a crítica do ativismo tenta ofuscar o desempenho que a agência St. Vicent apresenta no desempenho de seu trabalho: ao longo do último ano os resultados apresentados foram muito superiores à média das demais agências do estado, com o recrutamento de famílias adotivas em número maior que o de 90% das demais. Os advogados da agência destacaram, ainda, o sucesso da agência na busca por lares para crianças com necessidades especiais, crianças minoritárias e grupos grandes de irmãos.
“Não poderíamos ter adotado sem o apoio da St. Vicent”, disse Melissa Buck, que adotou cinco crianças com necessidades especiais, contando com a ajuda da agência cristã. “E continuamos a contar com serviços de suporte vitais que a St. Vincent nos oferece até hoje. Se esses programas fossem fechados, isso realmente prejudicaria nossa família”, acrescentou a mãe adotiva.
Shamer Flore, que foi adotado em 2005, já havia afirmado anteriormente que crianças em programas de adoção às vezes têm histórias muito sofridas, com casos de abusos devido ao consumo de drogas, prostituição e negligência. “Não entendo por que a ACLU está tentando tirar a esperança de crianças que uma vez foram como eu”, disse ela.
Nesse contexto, os advogados argumentaram também que os valores de fé da agência St. Vicent sobre o casamento não impediram que crianças encontrassem um lar, e destacaram que casais homossexuais que procuraraam outras agências, conseguiram adotar crianças. “Há uma crise no sistema de acolhimento adotivo. Existem milhares de crianças e não há casas suficientes”, disse Stephanie Barclay, conselheira do escritório Becket.
“A resposta é que mais agências recrutem e apoiem as famílias dispostas a adotar, sem fechar empresas de sucesso como a St. Vicent. Quem realmente está sendo prejudicado neste processo da ACLU são crianças”, acrescentou Barclay.
A lei no estado de Michigan permite que as agências de adoção de confissão religiosa operem com base em suas crenças sobre o casamento. Em vigor desde junho de 2015, ela foi assinada pelo governador republicano do estado, Rick Snyder. A decisão final sobre o caso deverá ser tomada até o final de abril, e grupos de defesa da liberdade religiosa estão mobilizando cristãos em oração a favor da agência St. Vicent.