A longa e meticulosa guerra da China contra os cristãos continua acontecendo, e tem a cruz como alvo – mesmo em meio às denúncias internacionais sobre a perseguição –, constatou o diretor de uma entidade que monitora a situação dos seguidores de Jesus no país.
Bob Fu, pastor, fundador e presidente da ChinaAid, fez uma palestra durante um evento da organização For the Martyrs, uma entidade sem fins lucrativos que se dedica a denunciar a cristofobia ao redor do mundo.
O evento, realizado em Washington, DC, incluiu uma marcha nas ruas da capital dos Estados Unidos, com cristãos de todas as denominações que exibiam cartazes com frases como “o sangue dos mártires é a semente da igreja”.
Durante seu discurso, Bob Fu afirmou que “o presidente Xi [Jinping], essencialmente, lançou uma guerra contra a cruz de Jesus”.
Ele detalhou como os oficiais do Partido Comunista Chinês (PCCh) demoliram e queimaram milhares de cruzes nos últimos anos, e como o governo exige que as igrejas sancionadas pelo estado cantem hinos ao PCCh antes do culto.
Outros aspectos da perseguição foram ressaltados por Fu, como por exemplo, a proibição de autoridades à comercialização de exemplares da Bíblia Sagrada em livrarias e da presença de crianças em cultos.
De acordo com o relatório da China Aid, os casos de de perseguição contra líderes cristãos são muitos e recorrentes. Algumas das prisões que se tornaram mais conhecidas internacionalmente são as de Zhang Wenying e dos pastores Wang Yi e John Cao, que foram condenados, respectivamente a 12, 9 e 7 anos de cadeia, por “atividade religiosa ilegal”.
Zhang Wenying foi acusada de “fraude comercial” por ter uma caixa de ofertas em sua igreja doméstica, enquanto o pastor Wang Yi foi acusado de “subversão do poder do Estado” por causa de sua carta aberta em que dizia ter fé na Salvação do presidente Xi Jinping.
O pastor John Cao foi condenado a sete anos por cruzar a fronteira entre Mianmar e China para construir escolas.
“Como pode alguém, qualquer partido político, qualquer instituição, qualquer governo derrotar a igreja do Deus vivo?”, questionou Bob Fu em seu discurso.
O defensor da liberdade religiosa resgatou o testemunho de Cheng Wensheng, um ex-chefe da máfia que se apaixonou pelo Evangelho e passou a exibir um cartaz com o versículo de João 3:16. Ele foi preso, e na cadeia, passou a evangelizar os companheiros de cela.
“A igreja perseguida não é uma igreja em autopiedade. Eles são uma igreja alegre. Eles são uma igreja definida. Eles são uma igreja lutadora”, acrescentou Fu, citando palavras do pastor Wang Yi: “Separe-me de minha esposa e filhos, arruíne minha reputação, destrua minha vida e minha família – as autoridades são capazes de fazer todas essas coisas. No entanto, ninguém neste mundo pode me forçar a renunciar à minha fé; ninguém pode me fazer mudar minha vida; e ninguém pode me ressuscitar dos mortos”.