Walter Sandro Pereira da Silva afirma conversar com o Arcanjo Miguel desde os 2 anos de idade, e criou uma igreja que mistura elementos de diversas religiões, que já tem cerca de 10 mil seguidores no Brasil.
De acordo com a revista Carta Capital, Silva conta que seu primeiro contato com o arcanjo se deu quanto tinha 2 anos e meio e procurava, desesperado, sua chupeta perdida. “Foi quando apareceu este ser dizendo que ela estava debaixo da cama e que eu devia procurar o Salmo 91”, explica.
Filho mais velho de uma família pobre da cidade pernambucana de Gravatá, Walter Silva se mudou ainda bebê para São Paulo, com seus pais. Criado em um lar católico, ele conta que sua trajetória mudou quando, aos 13 anos, entrou em uma igreja evangélica e ouviu do arcanjo que deveria pregar e se tornou evangélico. Anos depois, quando trabalhava como vendedor de seguros, o agora líder religioso passou a usar as técnicas de retórica aprendidas em sua profissão para dar palestras motivacionais, e criou seu próprio método de autoajuda.
O método de autoajuda começou a se tornar uma religião quanto Silva conheceu pessoas que, assim como ele, sentiam vir de algo maior, no caso da reencarnação dos Cavaleiros Templários, braço militar da Igreja Católica na época das Cruzadas.
Silva conta que no dia 11 de novembro de 2011, quando estava prestes a entrar no ar pelo canal UHF 58, ele vivenciou o milagre que culminou no nascimento oficial da Igreja Templária de Cristo na Terra: “O Arcanjo Miguel materializou-se e disse para eu abrir a igreja. Foi tão forte que tive uma crise de cálculo renal. Fui ao banheiro e ele veio e disse pra botar a mão na urina. Eu pus. E saiu uma pedra do tamanho de meio grão de feijão”. À meia-noite o programa foi ao ar já com o nome de Igreja Templária, igreja descrita pela Carta Capital como uma seita-símbolo do sincretismo religioso nacional: compósito da lógica de bufê livre, da tolerância e da espiritualidade sem limites do brasileiro.
Com o tempo surgiu a hierarquia da igreja, que é composta por um apóstolo (ele), cujo cargo é vitalício e só pode ser transmitido após um conclave. Há também um primeiro-ministro, quatro bispos, 20 ministros e 560 mestres, cada qual encarregado de cuidar de 70 fiéis.
A Igreja Templária ocupa um prédio no número 643 da Rua Leais Paulistanos, e tem outras sedes no Rio de Janeiro, no Espírito Santo e em Minas Gerais. Inicialmente, a estrutura da igreja começou a ser erguida com auxílio de doações, e hoje já é mantida pelo “Carnê da Gratidão”, um boleto com depósito de 33 reais em uma conta do Banco do Brasil. Silva explica que os fiéis não fazem um pagamento, e sim doações, em troca das quais recebem o número de telefone de um dos mestres, para o qual podem ligar todos os dias, até às 2 da manhã.
O atendimento aos fiéis é feito por um sistema de telemarketing, onde 20 pessoas se revezem em três turnos para atender cerca de mil fiéis todos os dias.
O prédio da Igreja Templária tem 44 salas da igreja, nas quais a cruz pátea, também conhecida como cruz templária, pode ser vista entre desenhos de Buda, faraós e santos católicos. Há dois auditórios e salas. Uma das salas de reunião é repleta de cristais que dividem espaço com uma armadura medieval, um sarcófago, uma imagem de São Jorge e outra da Virgem Maria. Ao lado fica o hospital de cura, onde macas se enfileiram a espera dos pacientes. “Teve uma mulher que chegou com a bexiga podre. Em um mês aqui, a bexiga dela se refez inteirinha”, explica o líder religioso, que afirma ainda que milagres mesmo se dão durante o “Vale de Sal”, evento que atrai 5 mil pessoas uma vez por mês.
O apóstolo afirma levar uma vida exemplar: “Templário não ingere café, carne ou açúcar (só mascavo). Ioga e tai chi chuan são obrigatórios. Se bem que a minha ioga é na tevê”, afirma. Porém ele conta que recebe constantes ameaças de morte por causa de seu trabalho religioso. “Já cansei de sofrer ameaça de morte, pelo telefone, pela internet”.
Fonte: Gospel+