Um pastor de Curitiba (PR) fez a unção de armas da coleção de um delegado da cidade, que diz acreditar em “energias positivas”. A publicação nas redes sociais repercutiu entre os internautas e também na imprensa.
O delegado Tito Barichello, da 2ª Delegacia de Homicídios de Curitiba, esteve acompanhado de sua esposa, Tathiana Guzella, também delegada, na Igreja Agnus, onde o pastor Renê Arian fez uma “unção” da coleção de armas.
As armas, entre revólveres, pistolas, espingarda e fuzil, foram dispostas à mesa e o pastor pediu a Deus que elas sejam ferramentas para “guardar a população contra os homens maus”.
“Senhor Deus, em nome de Jesus, nós ungimos essas armas para a segurança da população de nossa cidade, Senhor. Nós pedimos que o Senhor venha guardar, venha nos proteger, através dessas armas. Em nome de Jesus, nós ungimos com o óleo da unção e pedimos, Senhor, que seja ligado aqui na terra para ser ligado nos céus”, diz o pastor no vídeo compartilhado pelo delegado.
Tito Barrichello agradece ao pastor dizendo que suas armas são usadas “na defesa da sociedade dentro das regras estabelecidas pela própria sociedade”.
Crença
Após a repercussão do vídeo, o delegado foi entrevistado pelo portal G1, e afirmou que a iniciativa de levar as armas para que fossem ungidas pelo pastor foi motivada por sua crença em “energias”, e que não havia impedimento legal:
“Sou formado em direito, tenho especialização, mestrado em direito, vários livros escritos. Eu não visualizo qualquer ilícito de cunho moral ou religioso. Porque eu jamais faria alguma coisa para afrontar”, pontuou.
Barichello afirmou que “a questão é de crer ou não crer, isso diz respeito ao íntimo de cada um, eu sou católico, mas frequento cultos evangélicos”, e acrescentou: “Eu acredito em energias, energias positivas, então a ideia é buscar essa bênção, essa energia positiva, até para que nós estejamos protegidos, para que nós utilizemos esses instrumentos de proteção à sociedade”.
A unção de armas seria, de acordo com o relato do delegado, um gesto corriqueiro: “O pastor é teólogo, professor de hebraico, intérprete da Bíblia e ele me disse que é comum a unção de armas, isso desde o Evangelho, está em Êxodo e tem várias passagens”.
“Após o culto, ele ungiu as nossas armas particulares, registradas. Não são armas da Polícia, são armas todas particulares: um fuzil, um T4, uma Glock G19X que é aquela verde, 9 mm, eu tenho um Glock G28, que é calibre 380. A minha esposa tem aquela pistola menor que é um G42. Eu tenho um revólver calibre 38, uma espingarda 12. O ‘Cabelo’ tem ali, acho que um revólver cano curto da Taurus e um revólver de aço inoxidável, aço escovado”, acrescentou o delegado.
‘Unção de armas’
O presidente do Ministério Agnus, pastor Ademir Cortijo Martines, foi procurado pelo G1 e afirmou, através de nota, que é comum a unção de pertences pessoais e ferramentas de trabalho.
Martines acrescentou ainda que o Ministério Agnus repudia toda e qualquer forma de violência e não compactua com nenhuma ação voluntária que venha a tirar a vida de uma pessoa:
“A primeira função dessas armas é a defesa, e nesse entendimento o desejo é que não seja necessário o uso dessa força de forma intensa para resolver as situações em que eles são colocados diariamente para proteger a sociedade de atitudes violentas. A unção foi realizada mas a intenção sempre foi a de fortalecer nos corações desses profissionais o sentimento de temor e responsabilidade confirmados pela direção de Deus em suas ações”, argumentou Martines na nota.
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