Usar adjetivos depreciativos contra opositores de princípios, definitivamente, não é a estratégia mais inteligente na divulgação do Evangelho e da verdade bíblica, e uma igreja evangélica do interior paulista está descobrindo isso de forma intensa e pública.
A Igreja Projeto de Deus, de São Carlos (SP), publicou uma imagem em que descrevia a família tradicional como uma ideia original e as famílias formadas por homossexuais como cópia, “pirataria”. A reação nas redes sociais foi de revolta por parte da militância LGBT.
“Deus fez a família original, diga não à pirataria”, dizia a publicação, com o desenho dos dois modelos de núcleos familiares. A resposta dos ativistas gays veio rápido: o post foi denunciado e o Facebook o removeu.
Como tudo acontece muito rápido nas redes sociais, antes da remoção, um bate-boca entre apoiadores e opositores da publicação foi travado nos comentários, com muitos usuários afirmando que a publicação da igreja era preconceituosa e que a página da denominação deveria ser denunciada aos moderadores do Facebook.
Segundo informações do G1, diante da polêmica, a Igreja Projeto de Deus voltou a usar a rede social para observar que seus fiéis “estão acostumados com os ataques justamente daqueles que dizem sofrer por serem oprimidos”, e salientou não ter motivação específica contra os homossexuais.
“A sociedade laica pode escolher não temer a Deus, mas a Igreja como instituição privada escolhe seguir os ensinamentos bíblicos. Quem quiser fazer parte da Igreja Projeto de Deus deve seguir o CREDO da igreja. É apenas uma questão de escolha”, sublinhou o texto de uma carta aberta publicada pela denominação.
Processo
José Carlos Bastos Junior, um dos ativistas gays revoltado com a igreja, disse ter salvo todas as publicações para abrir um processo: “A imagem é de teor preconceituoso, denigre a comunidade LGBT”, reclamou.
A advogada Janaina Basilio foi entrevistada pelo portal de notícias da Globo e afirmou que a denominação pode sofrer uma enxurrada de processos, pois qualquer pessoa que se sentiu ofendida com a publicação pode procurar a Justiça.
“O Ministério Público pode agir em nome de todo mundo ou a Defensoria Pública. É a mesma coisa que acontece com as músicas preconceituosas que acabam sendo proibidas de tocar nas rádios, elas não citam diretamente uma pessoa, se referem a um grupo de pessoas, sem ser de forma velada”, comentou.