Um refúgio para quem precisa se recuperar dos traumas que os abusos sexuais geram. É assim que uma vítima de um estupro vê o papel da Igreja perante a sociedade.
Shannon Deitz é fundadora e líder do ministério Hopeful Hearts, e usa seu testemunho para encorajar pessoas que passaram por abusos sexuais a continuarem na luta pela superação dos traumas. Ela sofreu estupro e incesto na infância, mas superou e agora se dedica a ajudar pessoas que atravessam os mesmos problemas.
“Este é um grande problema que estamos vivendo todos os dias. Este não é um problema pequeno. É algo que afeta nossa vida cotidiana, nossas interações com os outros e como vemos Deus. Quando somos abusados, ficamos cobertos por essas mentiras, de que não somos boas o suficiente e que devemos carregar nossa vergonha. Meu trabalho é sobre libertar as pessoas dessas mentiras para que elas possam dizer que são filhas de Deus”, contou Shannon, em entrevista ao portal The Christian Post.
“A Igreja deve ser o primeiro lugar a levar esperança e cura do coração de Deus para aquelas pessoas que foram devastadas pelo abuso. Precisamos dizer: ‘Eu entendo o que você passou, e isso não define de forma alguma quem você é, ou como Deus vê você. O coração dele está partido por você’”, pontuou.
Para Shannon, a Igreja precisa adotar proatividade na lida com esse tipo de situação: “Precisamos dizer: ‘Como posso ajudá-lo a se curar? Como posso ficar do seu lado? Sinto muito e estou aqui para o que você precisar’. Com a ajuda de Deus, precisamos ajudar os sobreviventes a superar a vergonha associada ao abuso”.
“Eu senti que era importante continuar a história do que acontece depois que alguém é abusado”, disse Shannon. “Eu reconheci que tantos limites haviam sido ultrapassados pelos abusos que eu sofri quando criança e pelo estupro que sofri no colegial e na faculdade. Eu tinha assumido tanto dessa raiva que tive dificuldade em aceitar a intimidade no casamento. Eu não acreditei que meu marido pudesse me amar tão intimamente”, acrescentou.
O pensamento que a encorajou a seguir em frente foi moldado pelo desejo de deixar o passado para trás: “Eu não queria ser essa pessoa cheia de raiva. Foi quando as coisas mudaram no meu casamento. O que aconteceu comigo não define quem eu sou, e hoje eu sou capaz de agradecer a Deus por todos os aspectos da minha vida porque Ele trouxe o bem disso tudo”, testemunhou.
A violência sexual, incluindo os casos que envolvem a infância, é algo que não se limita a condições socioeconômicas, idade, sexo ou etnia. David Finkelhor, diretor do Centro de Pesquisas em Crimes Contra Crianças, divulgou relatórios de estudos que mostram que uma a cada cinco meninas, e um a cada vinte meninos sofrem abuso sexual infantil.
Outros estudos, construídos a partir do relato de vítimas de abuso sexual, apontam que 20% das mulheres adultas e entre 5 e 10% dos homens adultos dizem se lembrar de um incidente de abuso sexual na infância.