Um pastor condenado injustamente por assalto a mão armada passou oito anos preso e, agora, após mover uma ação contra a investigação fraudada, conseguiu um acordo de indenização milionária.
Darron Carmon moveu um processo contra a cidade de Winterville, na Carolina do Norte (EUA), para ser indenizado por sua condenação injusta em 1994 por assalto a mão armada, o que o levou a passar oito anos na prisão.
Em 2002, ele foi solto por bom comportamento. Em 2022, o juiz do Tribunal Superior do Condado de Pitt, Marvin Blount, anulou sua condenação e o pastor recebeu um perdão de inocência do governador da Carolina do Norte, Roy Cooper (Partido Democrata).
Diante disso, ele e seus advogados procuraram a cidade de Winterville para negociar um acordo de indenização sem a necessidade de um processo civil, mas a tentativa foi negada. Dessa forma, o processo foi aberto alegando que na época de sua prisão, os policiais que o prenderam esconderam evidências que provariam sua inocência.
Carmon, que ao longo de seu ministério fundou a Igreja Rebuild Christian Center em Winterville e depois a Igreja Greater Village Gate em Lewiston, disse que se viu forçado a entrar na Justiça: “Não concordo com o que tive que fazer para chegar aqui. Sinto que deveria ter sido um processo mais simples. Tive que provar minha inocência umas três vezes”, disse o pastor em uma declaração à emissora ABC11.
“O próximo passo para mim é continuar o que já venho fazendo”, acrescentou, dizendo atuar em questões sociais, incluindo mentoria para crianças sem pais. O valor de indenização obtido é de US$ 4,4 milhões (R$ 26,8 milhões na cotação atual).
O caso
A cidade de Winterville nega que o processo que culminou com a condenação do pastor Carmon tenha sido irregular, dizendo que uma balconista da loja que sofreu o assalto “não tinha dúvidas” que ele era a pessoa que cometeu o crime, quando foi interrogada sobre o caso, em 1993.
“O promotor público que processou o caso testemunhou neste processo civil que ter depoimento de testemunha ocular como a única evidência disponível em um caso de assalto a uma loja de conveniência era típico do início dos anos 1990. Câmeras de vigilância não eram de uso geral em lojas de varejo da área de Greenville na época, muito menos em uma loja de conveniência de cidade pequena”, argumentou a cidade.
Em relação às impressões digitais, o Departamento de Polícia de Winterville preservou em um arquivo um conjunto de impressões supostamente retiradas da loja de conveniência na noite do roubo, mas somente em 2021 elas foram analisadas de maneira adequada.
“Até hoje, não se sabe por que ou onde as impressões foram tiradas, se a impressão palmar foi reconhecida em 1993 como potencialmente útil para comparação ou quem tinha conhecimento de que a impressão palmar estava no arquivo. A polícia da Carolina do Norte não tinha tecnologia para transmitir ou pesquisar impressões palmares em um banco de dados estadual até 2008, e o primeiro banco de dados nacional pesquisável de identificação de impressões palmares não estava disponível até 2013, 20 anos após esse assalto à mão armada”, pontuou a cidade.
Em outubro deste ano, o pastor participou de uma mediação no tribunal junto com a cidade e os oficiais, e as partes concordaram em resolver o processo: “Nem a cidade nem os oficiais pagaram nada do resultado do acordo, já que o valor total do acordo será pago pelas companhias de seguros. Como parte do acordo, todas as partes concordaram especificamente que nem a cidade nem os oficiais admitiram qualquer irregularidade”, finalizou o comunicado emitido pela cidade de Winterville, de acordo com informações do portal The Christian Post.