Desde o terrível atentado terrorista do Hamas no dia 07 de outubro, diversos líderes evangélicos de todo o mundo se manifestaram condenando as ações do grupo extremista muçulmano, mas um pastor negro dos Estados Unidos publicou um artigo lamentando que a maioria das igrejas de sua comunidade tenham ficado em silêncio diante das atrocidades.
O pastor Michael A. Stevens, fundador da Igreja de Deus em Cristo em Charlotte, Carolina do Norte, publicou artigo expressando sua tristeza diante da postura antissemita de muitos líderes evangélicos das comunidades negras de seu país:
“Se alguma organização ou grupo de pessoas deveria condenar as atrocidades destes assassinatos brutais cometidos pelo Hamas, deveria ser a igreja afro-americana. Se alguma organização ou grupo de pessoas deveria apoiar inabalavelmente Israel durante estes dias difíceis, deveria ser a igreja afro-americana. Somos obrigados a fazê-lo”, protestou.
Stevens constatou que, “infelizmente, muitos pastores e líderes afro-americanos têm um nível misto de apatia e resistência em relação a Israel, bem como empatia pela luta palestina”, comportamento que segundo ele é fruto de uma comparação descabida entre a situação vivida pelos palestinos atualmente com “a era dos direitos civis” nos EUA, que catapultou o pastor Martin Luther King Jr a um protagonismo histórico.
“Há um ódio desdenhoso e uma falta de confiança por um povo que o próprio Deus ordenou que a igreja amasse. E abençoasse. Por mais importantes que sejam, estes indivíduos que expressam atitudes anti-Israel ou antissemitas não falam em nome de toda a comunidade afro-americana”, criticou o pastor.
“No seu discurso de 1968 na Assembleia Rabínica, o Rev. Martin Luther King Jr., disse que ‘a paz para Israel significa segurança, e devemos defender com todas as nossas forças o seu direito de existir, a sua integridade territorial. Vejo Israel como um dos grandes postos avançados da democracia no mundo e um exemplo maravilhoso do que pode ser feito, de como a terra deserta pode ser transformada num oásis de fraternidade e democracia’. Menos de duas semanas depois de fazer esse discurso, o Dr. King foi assassinado”, relembrou Stevens.
Com dezenas de visitas a Israel nos últimos anos, o pastor se tornou um grande conhecedor do contexto atual do país, além de nutrir importantes relacionamentos com a comunidade judaica. Desse ponto de vista, Stevens afirma que “existe um paralelo notável entre as comunidades afro-americana e judaica”, lembrado que “ambas as comunidades” enfrentaram a escravização no passado.
“Ambas as comunidades sofreram horrendas perseguições como povo e como nação. Quase 12 milhões de vidas foram perdidas através do terrível comércio de escravos da África para as Américas entre o início dos anos 1500 e 1800. Houve o assassinato de judeus durante o Holocausto na década de 1940, onde 6 milhões foram sistematicamente assassinados. Ambos, enquanto cultura de pessoas, podemos identificar-nos com a dor e a situação de um povo deslocado, privado de direitos e desanimado”, resumiu.
O pastor destacou que “não é Israel quem oprime agressivamente o povo palestino, são os líderes do povo palestino que oprimem agressivamente o povo palestino”, em referência à manipulação dos líderes do Hamas sobre os moradores da faixa de Gaza.
“Há sessenta anos, o povo judeu esteve conosco durante a nossa hora de necessidade, não porque quisesse algo em troca, mas porque Deus e a razão humana os obrigaram a fazê-lo. Agora é a hora de necessidade do Estado Judeu. Israel está em guerra. Israel está sob ataque de terroristas que procuram matar o seu povo e de propagandistas que procuram minar a sua legitimidade. Como líderes religiosos afro-americanos, possamos assumir uma posição ousada e corajosa em favor do Estado Judeu, não porque queiramos algo em troca, mas porque Deus e a razão humana nos obrigam a fazê-lo”, finalizou, no artigo publicado pelo The Christian Post.