A série de explosões mortais inspiradas no Estado Islâmico que abalaram a segunda maior cidade da Indonésia nos últimos dias foi realizada por três famílias – incluindo suas crianças –, que atacaram igrejas e a Polícia, disseram autoridades locais.
Após os ataques registrados no último domingo, um novo foi realizado na manhã de segunda-feira, 14 de maio. Uma família de cinco pessoas usou duas motocicletas para se dirigir ao portão frontal da delegacia de polícia de Surabaia, antes de detonar explosivos, ferindo 10 pessoas.
Já nesta terça-feira, 15 de maio, a polícia identificou o casal como Tri Murtiono e sua esposa Tri Ernawati, que realizaram o ataque acompanhados por seus filhos, de 18 e 14 anos, e sua filha de 7 anos.
A caçula estava viajando como passageira em uma das motos e foi jogada para longe pela explosão, disse o porta-voz da polícia, Frans Barung Mangera. Um vídeo da cena mostrou-a cambaleando pelos escombros antes de um espectador a pegar e levá-la para um local seguro.
Esse ataque, segundo informações da CNN, aconteceu menos de 24 horas depois do primeiro, quando uma família de seis pessoas, incluindo quatro crianças, detonou explosivos em três igrejas, matando 13 pessoas e ferindo pelo menos 40.
O pai, identificado pela polícia como Dita Oepriarto, teria levado sua esposa Puji Kuswat e suas duas filhas, de 9 e 12 anos, para a Igreja Cristã da Indonésia. O trio entrou e detonou uma bomba durante o culto.
Oepriarto, em seguida, levou a van para a Igreja Pentecostal Central, onde, de dentro do veículo, ele detonou outra bomba, disse a polícia. Ao mesmo tempo, os dois filhos adolescentes do casal, de 16 e 18 anos, dirigiram motos para a Igreja Católica de Santa Maria, onde também detonaram bombas.
As crianças e todos os membros da família morreram nos ataques, pelos quais o Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade por meio de sua agência de notícias Amaq, no que chamou de “uma operação de martírio”.
Horas mais tarde, ainda no domingo, uma mãe e sua filha de 17 anos foram mortas no subúrbio de Sidoarjo, em Surabaya, quando uma bomba manipulada pelo pai da família foi detonada prematuramente. A polícia encontrou o pai da família em uma casa segurando um detonador e atirou nele, disse o porta-voz da polícia, Barung Mangera.
O policial Tito Karnavian disse aos repórteres que a polícia estava trabalhando na suposição de que os ataques seguiam uma diretriz do Comando Central do Estado Islâmico para vingar a prisão dos ex-líderes do Jamaah Ansharut Daulah (JAD) , um grupo jihadista indonésio. que apóia os extremistas.
A Indonésia, o país muçulmano mais populoso do mundo, tem enfrentado dificuldades nos últimos meses com o aumento da militância islâmica, que vem crescendo à medida em que o Estado Islâmico foi sendo expulso de seu território na Síria e no Iraque.
Karnavian também disse que nenhuma das famílias das crianças envolvidas nos ataques viajou recentemente para a Síria, mas Oepriarto tinha ligações íntimas com alguém que havia retornado recentemente da Síria, o que pode tê-lo inspirado a realizar os atentados.
Em entrevista à CNN, o pai de Dita Oepriarto disse que seu filho era amigo íntimo do homem envolvido na explosão no subúrbio de Sidoarjo na noite de domingo. “Ele nunca falou sobre isso, mas sei que meu filho é amigo íntimo de Anton”, disse Raden Doddy Oesodo, referindo-se ao homem que morreu no complexo habitacional depois que a bomba foi detonada prematuramente.
“Anton era amigo do meu filho no Ensino Médio. Anton é o filho mais novo da organização JAD. Meu filho, sua esposa e Anton faziam parte da mesma associação JAD”, disse ele, acrescentando que Dita Oepriarto foi recrutado pelo JAD na escola.
“Esses ataques são o cenário de pesadelo que foi previsto desde que os indonésios afiliados ao Estado Islâmico retornaram do Oriente Médio”, disse Greg Barton, presidente da Global Islamic Politics na Deakin University, na Austrália.
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