O fundador da Missão Portas Abertas, Irmão André, completou 92 anos de idade na última segunda-feira, 11 de maio, e continua compromissado com propósito de levar a mensagem do Evangelho.
Nascido em 11 de maio de 1928 em Witte, Holanda, Anne van der Bijl (nome de batismo do Irmão André) contou sua história pessoal de conversão e de ministério no livro O Contrabandista de Deus.
Filho de um ferreiro, desde a infância o Irmão André se habituou a ver sua casa movimentada pela presença de visitas, que eram desde moradores de rua a pregadores itinerantes, recebidos pela família num gesto de solidariedade e expressão prática da fé cristã.
Na juventude, quando serviu ao Exército holandês, foi ferido por um tiro em seu tornozelo enquanto combatia na Indonésia. Enquanto se recuperava do procedimento feito em um hospital de campanha, um colega de farda encontrou uma pequena Bíblia em sua mochila e entregou a ele: “Nos dois anos e meio, desde que minha mãe me dera a Bíblia, eu nunca a abri”, relembrou o Irmão André.
“Seria de fato verdade tudo aquilo?”, perguntou-se, após ler os quatro evangelhos com a mesma intensidade que levava a vida até então, já que o ferimento à bala havia imposto a ele a companhia de uma bengala, da qual nunca pôde abrir mão.
O processo de recuperação desse ferimento foi o início de uma caminhada que o levou a se tornar um homem temente a Deus. Em cada culto que participava, diz ele no livro, “anotava cuidadosamente o que dizia o pregador e passava a manhã seguinte procurando passagens na Bíblia para ver se tudo o que dissera estava realmente lá”.
Quando decidiu se dedicar a pregar a mensagem do Evangelho, vencendo barreiras como a chamada “cortina de ferro” dos países comunistas durante a Guerra Fria, o Irmão André não tinha muito mais do que vontade: “Entreguei-me a Deus por completo – corpo, alma, espírito e aventura. Não havia muita fé em minha oração. Apenas disse: Senhor, se me mostrares o caminho, eu te seguirei. Amém. Foi simples assim”.
Quando entrou para a Cruzada de Evangelização Mundial, estudou por dois anos antes de ir a campo, e descobriu na prática como Deus supre as necessidades daqueles que se propõem a trabalhar para o Reino.
“Não havia nenhum plano, nenhuma visão, certamente nenhum pensamento sobre liderar uma organização mundial. Deus revelou uma necessidade que eu podia satisfazer e foi isso que fiz”, narrou o missionário.
Em uma de suas primeiras viagens missionárias, levou literatura evangelística a um festival da juventude comunista em Varsóvia, capital da Polônia. “Minha mala estava pesada. Nela havia apenas umas poucas vestimentas, uma muda de roupa de cama e alguns livretos de 32 páginas intitulados O Caminho da Salvação”.
Como fruto dessa viagem, ele encontrou muitos cristãos que viviam por trás da “cortina de ferro” e começou a trabalhar para que eles tivessem exemplares da Bíblia e outros materiais da literatura cristã. Foi assim que começou a viajar contrabandeando Bíblias por países comunistas como Tchecoslováquia, Iugoslávia, Romênia e Bulgária, sempre usando o famoso Fusca azul que rodava pelas estradas abarrotado de Bíblias, livros e suprimentos para as pessoas em campos de refugiados.
“Parei de usar meu nome completo e comecei a usar o nome pelo qual era conhecido atrás da cortina, onde os sobrenomes praticamente deixavam de existir entre os cristãos: Irmão André”, contou o fundador da Missão Portas Abertas.
Em 2020, a entidade missionária que ainda hoje impacta países onde o Evangelho é perseguido, completou 42 anos de presença no Brasil.