Asia Bibi, de 53 anos, está travando uma batalha não apenas judicial, mas contra a crença religiosa de milhares de extremistas islâmicos que não admitiram sua declaração de fé em Jesus Cristo e o questionamento que fez sobre os feitos de Maomé, considerado um profeta pelos muçulmanos.
Asia Bibi está presa desde 2010 na República Islâmica do Paquistão, país localizado no Sul da Ásia, mas agora a possibilidade de que um novo julgamento feito na segunda-feira (15) possa ter lhe concedido a inocência, fez com que milhares de muçulmanos fossem às ruas protestar, pressionando os juízes. O resultado do veredito só será divulgado na próxima sexta-feira.
“Pendure a Ásia infiel”, pediram os manifestantes, que também ameaçaram os juízes responsáveis pelo processo, através de Zubair Ahmad, porta-voz do partido político islâmico Tehreek-e-Labbaik Pakistan (TLP), responsável pelo início das manifestações. Ele divulgou um vídeo com ameaças aos três juízes do caso:
“Os seguidores do profeta farão com que eles [os juízes] enfrentem seu castigo se Asia for declarada inocente”, diz a gravação.
Declarou sua fé em Jesus
Segundo informações do jornal Daily Mail, às acusações contra Asia Bibi tiveram início em 2009, quando ela trabalhava em um campo perto de sua aldeia natal em Sheikhupura, Punjab, quando foi solicitada para buscar água.
Um grupo de mulheres muçulmanas, no entanto, não aceitaram o pedido, pois disseram que por Bibi não ser muçulmana, ela era indigna de beber a água do mesmo recipiente que elas. Ofendida pela discriminação sofrida, Bibi respondeu:
“Acredito em minha religião e em Jesus Cristo, que morreu na cruz pelos pecados da humanidade. O que seu profeta Maomé fez para salvar a humanidade?”.
A partir de então as muçulmanas foram ao líder muçulmano local (Imã) e acusaram Bibi de ofender Maomé, o que é considerado no país um crime de “blasfêmia”.
A denúncia mal foi concretizada, e um grupo de muçulmanos invadiram a casa de Bibi, que é mãe de cinco filhos, e a espancaram na frente das crianças. Após isso ela foi levada para a prisão.
Apenas 2% da população paquistanesa é cristã, tornando-a mais suscetível à perseguição religiosa. A existência de partidos políticos extremistas como o Tehreek-e-Labbaik Pakistan é outro grande problema, já que parte das leis no país são elaboradas com a finalidade de restringir a liberdade religiosa das minorias.