A jornalista Giovanna Mel fez uma análise abrangente do filme Barbie que viralizou nas redes sociais. Em seu vídeo, ela denunciou o ataque aos símbolos da sociedade, a pregação contra a maternidade e o desprezo às virtudes e valores. Os fãs da boneca a denunciaram em massa, o que a levou a sofrer sanções do Instagram.
O filme, na visão da jornalista, é “mais uma narrativa mainstream que dominou a cabeça das pessoas” e “vai afetar o comportamento daqui para frente porque” porque esse é o resultado natural da influência que a comunicação exerce sobre o público.
Em sua análise, Giovanna não poupa detalhes e situa uma alusão que Barbie faz ao clássico 2001 – Uma Odisseia no Espaço, em que uma “menina pega a boneca em formato de bebê e faz de marreta, destruindo objetos do lar”, emulando a cena que representa a “evolução” do filme de 1968.
“Meninas brincando de boneca, brincando de casinha e a narradora fala ‘as meninas só poderiam brincar de serem mães, e isso pode até ser legal, mas por um tempo, pergunte à sua mãe’. De repente, surge a Barbie, aquele símbolo de mulher perfeita […] Como se não bastasse esse ódio gratuito à maternidade, ao longo de todo o filme, quando aparece a Midge, que é uma boneca amiga da Barbie que segundo eles foi descontinuada, todo mundo faz deboche e acha estranho ter uma boneca grávida. Sinceramente, não entendo porque tanto ódio à maternidade se todos nós viemos de uma barriga”, pontua.
Giovanna critica também o ativismo exagerado do filme: “Esse símbolo da mulher perfeita, inalcançável, surgiu há mais de 50 anos e veio com essa pauta de que a mulher pode ser tudo, o que ela quiser, linda, perfeita, empoderada – eu sei, dói os ouvidos quando a gente escuta essa palavra, mas ela traduz o movimento feminista […] Tem um momento do filme que soltam uma frase assim ‘Graças à Barbie, problemas de feminismo e igualdade foram resolvidos”.
A jornalista faz uma correlação com a estória que o filme conta com os fatos da sociedade contemporânea: “Essa Barbie do passado rompeu padrões e criou todo um contexto de que a mulher pode tudo […] Só tem um ponto aqui que a gente precisa chamar atenção: hoje nós temos uma geração de pessoas que são ansiosas, perdidas na vida pessoal e na carreira, que não sabem o que escolher, não sabem para onde ir, se posicionar, se comunicar e vivem verdadeiras neuroses. O próprio filme traz para a atualidade a Barbie com crise de ansiedade”.
O mar de tons de cinza criados pelo roteiro para negar valores forma um cenário de desconexão com a lógica, diz Giovanna: “Quando a Barbie sai de Barbieland para ir enfrentar o mundo real, não tem desafios, não tem inimigos muito claros, não tem uma luta, não tem amigos que auxiliam ela no processo. Ela é sozinha, independente, empoderada, e quando ela se depara com um pseudo problema, sabe como ela resolve? Lutando? Enfrentando? Não. Com o poder da mente. E olha que engraçado: o tema em voga na internet e na mídia tem sido a mentalidade, você conseguir suas coisas com o poder da mente. Trabalhar duro, enfrentar seus monstros e a vida, ninguém quer”.
Guerra à masculinidade
Objetiva, Giovanna afirma sem meias palavras que o filme dirigido por Greta Gerwig é uma peça de propaganda ideológica: “Barbie é um filme sobre a guerra dos sexos. […] Sempre tem uma pauta, uma intenção por trás. A comunicação nunca é aleatória, sempre tem um ‘para quê’. O filme deixa muito clara essa guerra dos sexos”.
“Em um primeiro momento, a Barbie é muito forte, empoderada. As mulheres dominam Barbieland, são presidentes, comandam todo aquele universo; os homens são frágeis, submissos, sentimentais, egocentristas, só se preocupam com a aparência e com o material”, enumera, exemplificando como o longa-metragem se posiciona de maneira ideológica.
Pela análise da jornalista, o roteiro flerta com a esquizofrenia: “Em um determinado momento, o Ken vai parar no mundo real, descobre a testosterona, a masculinidade, a força […] e quando ele volta para o universo feminino, Barbieland, e ele traz essa testosterona, essa masculinidade, as outras Barbies gostam disso e acabam se tornando mais femininas, e de acordo com o filme, submissas, fracas, manipuladas, dando uma conotação de que a mulher quando está servindo ao homem, está apaixonada em um relacionamento com o homem, está necessariamente em um relacionamento abusivo por abrirem mão de altos cargos para se tornarem mulheres, esposas, e servir ao homem”.
“O que é mais bizarro, é que eles deixam muito claro que elas estão sendo manipuladas, acordam desse ‘sonho’ num determinado momento, e voltam a tomar o poder por meio da força e também da manipulação. Eles igualam os sexos no filme pelo lado negativo, pelo pior lado. Sem virtudes, sem valores, sem valores, e gerando uma neurose na cabeça de quem assiste”, protesta Giovanna Mel.
A ideia de que o sucesso não é alcançável em família é o resumo do roteiro: “De acordo com o filme fica muito claro que a mulher só pode ser poderosa, ter cargos altos, ter carreira se ela se afastar do homem, se ela não tiver um relacionamento com um homem, se ela for sozinha”.
“Os homens são manipulados por essas mulheres, acabam entrando em guerra, e é uma guerra ridicularizada. É feio de ver. É uma guerra fraca, mimizenta, não tem força, não tem masculinidade. Mais uma vez, o cinema destruindo símbolos, destruindo o símbolo do feminino e destruindo o símbolo do masculino. E com isso, gerando neuroses […] Tentam levantar a bandeira de que você não precisa ser a Barbie perfeita, pode ser uma mulher comum, pode ter questões mentais, ser imperfeita, só que tudo isso na base do material, mas em momento algum se fala sobre virtudes, conquistas, a luta do bem e do mal porque o mal ‘nem existe’”, finaliza.
A crítica contundente feita por Giovanna Mel rendeu uma onda de denúncias contra o vídeo por parte dos fãs, o que resultou em uma punição do Instagram, com o bloqueio de algumas ações na conta da jornalista na rede social.
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