A situação dos imigrantes venezuelanos na América Latina é preocupante, mas aqui no Brasil, particularmente em Roraima, o trabalho da Junta de Missões Nacionais tem feito diferença na vida dessas pessoas, levando não apenas assistência social, mas o amor de Cristo através de voluntários como Ketilen Michelly (foto acima), de 21 anos, que decidiu trancar a faculdade e deixar a família para viajar 3.129 km ao encontro dos refugiados.
“Trabalhamos com os refugiados venezuelanos oferecendo alguns serviços sociais, como [elaboração de] currículo, banho, lavanderia, corte de cabelo e com serviços espirituais, que são os discipulados e cultos”, disse Ketilen em entrevista para o Gospel Mais.
A jovem estudante de publicidade na UFRN e residente em Natal, no Rio Grande do Norte, resolveu trancar o curso, deixar os pais e sua pequena congregação, a Primeira Igreja Batista em Igapó, para ficar seis meses em Roraima como voluntária no projeto chamado “Missão Brasil Venezuela”, da Convenção Batista Brasileira.
“A missão serve como ponto de apoio aos venezuelanos e oferece a eles o ensino do português, atendimento odontológico, pediátrico e outras especialidade, além de ser um espaço para cultos evangelísticos, relacionamento discipulador, entre outros”, diz o site da JMN.
“Precisamos de voluntários”
Além do chamado missionário, uma das razões destacadas por Ketilen Michelly para sua iniciativa é a necessidade de recursos humanos nos abrigos onde se encontram os venezuelanos. A jovem pede o envolvimento de outros irmãos e das igrejas.
“Precisamos de mais apoio”, disse ela. “Que os irmãos possam estar orando para que Deus possa estar levantando mais voluntários, porque é isso o que mais precisamos. Os outros recursos financeiros e tudo mais, eu sei que Deus proverá, mas precisamos de recursos humanos”.
“Aqui percebemos um grande número de casos de violência contra a mulher, e violência doméstica, de abuso de crianças”, disse Ketilen, explicando que eles ouvem muitos relatos de crianças que sofreram violência física e também sexual cometidos por membros da própria família. Ela mesma precisou fazer uma denúncia recentemente.
“Também vimos situações de auto-risco, pessoas com depressão. Também vimos crianças extremamente violentas, que é um sinal também de abuso, crianças que não têm condições mínimas de vida. Muitas crianças deficientes também que sofrem abuso dentro dos abrigos […], então eu peço a oração dos irmãos”, reforça a missionária.
ONGs “muito fechadas ao cristianismo”
O objetivo dos missionários da Junta de Missões Nacionais é levar o Evangelho de Jesus Cristo para os refugiados, sendo o trabalho social uma dessas maneiras. Entretanto, a pregação do evangelho é dificultada dentro dos abrigos, por proibição na Organização das Nações Unidas (ONU).
“A gente tem um certo apoio do Exército [brasileiro], mas às ONGs que trabalham em conjunto nos refúgios são muito fechadas ao cristianismo, então pedimos oração por isso”, disse Ketilen, destacando que há “centenas e centenas” de pessoas desabrigadas, morando nas ruas, e que no momento só existe um pequeno grupo de missionários atuando.
“Tem muita gente que necessita urgentemente de trabalho, porque está em situação de vida ou morte […], necessitando de atendimento médico, de alimento, muita gente deficiente que está adoecendo nos abrigos”, contou ela, destacando a necessidade das igrejas apoiarem o trabalho e encorar outros jovens para essa missão.
“Peço a igreja que possa estar se solidarizando, enviando missionários para cá. Que os jovens possam se sentir encorajados… Deus provê! A obra de Deus Ele cuida de tudo. A obra não é apenas de uma agência missionária, não é a obra de uma Convenção, mas é uma obra de Deus e Ele vai cuidar de tudo”, reforça a jovem.
Ketilen se dirige especialmente aos jovens, como ela: “Se você tem um chamado, que você possa estar vindo para cá. Deus tem feito grandes coisas aqui, mas sabemos que precisamos de muito mais”.
“Também precisamos de oração para que o Senhor possa estar nos dando estratégias [de evangelismo], porque é algo muito difícil trabalhar com uma cultura diferente. Trabalhar com pessoas em situação de rua e com uma pequena quantidade de pessoas como voluntárias”, conclui a jovem.
Outro pedido de oração feito pela voluntária é para que Deus coloque “pessoas cristãs nas ONGs” e na ONU, também, “para que a gente consiga ter maior abertura nos refúgios”, disse ela, ressaltando a importância do trabalho com às crianças, inclusive contra o tráfico de drogas e a criminalidade.
“Que o Senhor venha mover a ONU, mover às ONGs em prol da divulgação do seu Reino e não apenas de uma ação qualquer humanitária, porque aqui não estamos fazendo apenas uma ação social, mas também espiritual, e é isso o que essas pessoas precisam”, finaliza.