Em outra ocasião explicamos que há várias formas de perseguição religiosa aos cristãos no mundo, ressaltando que nem sempre a intolerância religiosa parte de pessoas radicais ou grupos específicos da sociedade, mas também do governo e outras autoridades institucionais.
A perseguição religiosa sistêmica, portanto, envolve grupos sociais, mas também o apoio direto ou indireto dos governantes, sendo por isso um tipo de intolerância incentivada pelas autoridades que, na prática, deveriam garantir os direitos dos seus cidadãos, como o direito a livre manifestação de fé.
Ao que parece, não é isso o que está ocorrendo na Argélia. Oficialmente chamado República Argelina Democrática e Popular, o país localizado na África do Norte está apontando “uma campanha coordenada de intensificação de ações contra cristãos pelas autoridades do governo”, segundo informações do grupo de advocacia cristã Middle East Concern.
Um caso ocorrido com Idir Hamdad, de 29 anos, exemplifica bem como anda o clima de hostilidade aos cristãos no país. Idir foi condenado no dia 28 de setembro de 2017 por carregar uma Bíblia, chaveiros com símbolos da cruz e livros cristãos, ao passar por uma revista de rotina no aeroporto do país.
Os policiais encontraram os materiais religiosos dentro da bagagem do rapaz. Na Argélia, 99% da população é adepta do islamismo, conforme um levantamento feito pela The World Factbook em 2013. Devido ao aumento do radicalismo muçulmano no país, o caso não parece deixar dúvidas sobre o caráter persecutório da ação.
“Condenar um cristão por carregar cerca de 20 chaveiros, dos quais quatro ou cinco com cruzes, e cinco echarpes, é uma aberração em vista do artigo 365 do código de imigração. Esses objetos não requerem autorização para importação, nem são caros”, alegou o advogado de defesa de Idir, Nadjib Sadek.
Felizmente, a condenação que previsa a prisão do rapaz foi derrubada no último dia 3. Ainda assim, Idir terá que pagar uma multa por, supostamente, “importar produtos sem licença”, no valor equivale à 650,00 reais (20 mil dinares). Com informações: Portas Abertas.