A legalização das drogas é um tema ao qual o brasileiro, em geral, é avesso. Mas para o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, a proposta deveria ser apreciada, com a legalização da maconha e até mesmo da cocaína, para derrotar os traficantes.
Barroso foi nomeado para o cargo pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), e em novembro do ano passado votou, ao lado de Luiz Edson Fachin e Rosa Weber – também indicados pela ex-mandatária – a favor da liberação do aborto no primeiro trimestre da gravidez, independentemente de risco à saúde da mãe.
Na última sexta-feira, Barroso concedeu uma entrevista à agência Reuters e afirmou que a única forma de reduzir o crescente poder das quadrilhas responsáveis pela onda de violência que abala o país é a legalização das drogas.
“Ao contrário dos Estados Unidos e da Europa, onde o problema está no impacto das drogas sobre os consumidores, no Brasil o problema está no poder que os traficantes de drogas exercem sobre as comunidades pobres”, opinou Barroso. “Posso garantir que é só questão de tempo. Ou legalizamos a maconha agora ou no futuro, depois de termos gasto bilhões e encarcerando milhares de pessoas”, acrescentou.
Para Barroso, caso a legalização da maconha seja feita, é possível pensar em abranger a permissão de uso para outras drogas mais fortes: “Se isso funcionar, podemos avançar facilmente para a legalização da cocaína. Se você quer derrubar o poder dos traficantes, é preciso considerar a possibilidade de legalizar a cocaína”, disse.
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Ao final, afirmou que não tem garantias de que a legalização das drogas será a solução para a violência: “Não estou certo de que minha proposta de legalização funcione, mas estou certo de que a guerra contra as drogas não funciona. Não podemos continuar a repetir os mesmos erros, de novo e de novo”, concluiu.
Nas redes sociais, a psicóloga Marisa Lobo, que há anos milita contra a legalização das drogas, afirmou que a ideia de Barroso não pode ser levada adiante: “Não podemos aceitar que o STF legalize drogas.Temos que repudiar as declarações de ministros que deveriam nos proteger e fazer cumprir nossas leis, e ao contrário, abandonam a sociedade nas mãos do vício. Não podemos aceitar”, criticou.