Poucos dias antes de ser eleita para ocupar uma vaga no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), a Venezuela, controlada pelo regime ditatorial de Nicolás Maduro, mandou prender o líder da Marcha para Jesus no país, pastor José Albeiro Vivas, supostamente por “desobediência”.
O pastor, que também é major da Força Aérea Venezuelana, esteve no último dia 12 em Barinas, onde foi realizado o evento que já possui 13 anos de tradição. O pastor foi detido pela Direção-Geral de Contra-Inteligência Militar (DGCIM), supostamente, por fazer um discurso desafiando o regime de Nicolás Maduro.
“Neste dia 12 de outubro, todos vamos juntos adorar a Deus; adoração pública ao Rei dos reis e Senhor dos senhores. Marcha para Jesus, Barinas 2019, Parque da Federação, 11 da manhã. Convido todo o povo cristão”, disse Vivas no discurso de abertura da Marcha.
“Sei que Deus está fazendo grandes coisas em Barinas e na Venezuela e o lema deste ano é: ‘Venezuela, chegou a hora da sua liberdade’. Chegou a hora da liberdade. E quem escolher a liberdade, será verdadeiramente livre. Deus abençoe vocês. Obrigado”, finalizou o pastor.
A fala do pastor Vivas está fundamentada na passagem de João 8:32, que diz: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Por sinal, esta é uma das principais falas do presidente da República brasileiro, Jair Bolsonaro.
Para o Ministério Público Militar da Venezuela, no entanto, a fala do pastor Vivas foi uma “desobediência” ao governo, porque na ocasião do discurso ele estava vestido com seu uniforme militar. Com isso ele foi acusado de “uso indevido de condecorações, distintivos e títulos militares, assim como desobediência”.
Segundo informações da Infobae, no entanto, Vivas possui o direito de expressar suas opiniões e crenças publicamente, como garante a Constituição da Venezuela. O uso do uniforme militar não seria um problema, já que em diversas outras ocasiões militares já fizeram declarações semelhantes sem qualquer consequência.
“É absurda a decisão do DGCIM de detê-lo e, mais ainda, do Ministério Público em imputá-lo. Não se pode argumentar que o oficial esteja usando o uniforme em um ato religioso quando, alguns dias atrás, na celebração da Virgem do Vale em Margarita, os militares [católicos] prestaram homenagem a suas crenças religiosas, vestindo uniformes, distintivos e condecorações, como costumam fazer em cada um dos eventos religiosos que eles querem”, diz o comunicado.