O engajamento da TV Globo com o progressismo levou a emissora a anunciar que fará uma novela usando a linguagem neutra, a principal faceta atual da ideologia de gênero.
Em maio de 2022 a emissora da família Marinho colocará no ar a novela Cara e Coragem, que os roteiristas definiram como principal marca o uso da linguagem neutra, talvez a mais recente estratégia da militância ideológica para impor à sociedade sua visão de mundo.
Após o anúncio, a repercussão foi negativa em muitas áreas da sociedade. A escritora e comentarista política Ana Paula Henkel ironizou a decisão da emissora durante um comentário no programa Os Pingos nos Is, da Jovem Pan.
“É difícil não rir de um negócio desses. Primeiro, a Globo tinha que trocar o nome para Globe, então, já que vai utilizar a linguagem neutra, que utilize então no nome. Já que vai pagar o pedágio ideológico do politicamente correto, que pague então da maneira correta: troca o nome da própria emissora”, alfinetou.
O contexto social foi analisado por Ana Paula a partir de um diagnóstico desanimador: “Existe um livro chamado Do Lado Certo da História, do escritor americano, analista político Ben Shapiro, e tem um capítulo desse livro que ele fala, exatamente, dos tempos com mais liberdade, mais tecnologia, uma expansão em absolutamente tudo que você pode imaginar, que são os tempos atuais”, introduziu.
“No entanto, ele fala que são os tempos onde essa geração mais reclama de problemas que não existem, e criam celeumas em torno de eventos que não são nada importantes pro mundo. Adotar esse gênero neutro, seja em novela, escola, esse pagamento desse pedágio ideológico porco – a verdade é essa – não muda nada”, acrescentou.
Ao final de sua fala, Ana Paula Henkel expôs a contradição protagonizada pelos diferentes segmentos do movimento progressista: “Quando a Dilma era presidente não podia se falar ‘presidente’. Ela mesma, assim como seus asseclas, queriam que nós falássemos ‘presidenta’. E agora, não, eles voltaram para ‘presidente’, não pode ser ‘presidenta’ mais. Ou seja, uma geração perdida […] que precisa de uma pia cheia de louça pra lavar, se ocupar, ou então, um lote e um quintal pra carpir”.
‘Ile, dile’
A mesma linha de análise foi adotada pela jornalista Cristina Graeml: “Só consigo antever uma queda drástica de audiência e uma repulsa ainda maior para as produções que estão tentando impor isso. Imagina a hora que os personagens começarem a falar ‘ile’, ‘dile’, em vez de ‘ele’ e ‘dele’ ou ‘ela’ e ‘dela’, ou ‘elu’, ‘delu’. Eu quero ver a confusão que os próprios atores vão fazer. Vai ser uma palhaçada”.
A ideia de que a novela Cara e Coragem possa influenciar as pessoas a adotarem esse sub-dialeto foi descartada: “Para a população em geral, para o trabalhador que sai às quatro da manhã para pegar dois ônibus, chegar às sete ou oito no trabalho, depois de quatro horas sacolejando dentro de um ônibus, pouco importa o que quer dizer ‘não-binários’, ‘cisgênero’, essa coisa toda”.
“Não podem querer mudar toda uma língua, riquíssima, como a Língua Portuguesa para impor um ou outro pronome adulterado aqui, ou o uso de um ou outro artigo de outra forma, achando que todo mundo vai sair falando ou que vai sair aceitando melhor as diferenças por causa disso. Não”, finalizou.