Uma reportagem sobre pessoas que foram desiludidas por pastores evangélicos é o que a autora Marília de Camargo César apresenta no livro “Feridos em nome de Deus”, lançado pela Editora Mundo Cristão.
O livro mereceu análise da professora Paula Monteiro, da Universidade de São Paulo, publicada no jornal Valor Econômico. Marília aborda a cisão do evangelismo brasileiros entre igrejas históricas e pentecostais e neopentecostais, o “abuso espiritual”e a devoção de fiéis aos seus pastores.
As histórias, comenta a professora da USP, focam jovens profissionais, com formação universitária que, após crise pessoal, “abandonam o emprego e passam a dedicar-se ao trabalho das igrejas sem receber, em contrapartida, o reconhecimento do pastor e a ascensão esperada na carreira religiosa”.
A autora se mostra perplexa frente a esse quadro de entrega. “Feridos em nome de Deus” aborda o “abuso espiritual”, definido como “o encontro de uma pessoa forte com uma fraca, em que a forte usa o nome de Deus para influenciar a fraca e levá-la a tomar decisões que acabam por diminuí-las física, material ou emocionalmente”.
Mesmo assim, o neopentecostalismo cresce no Brasil, expandindo-se em todas as camadas sociais, recorrendo a aspectos mágicos e proféticos.
O livro traz a análise do pastor Ed René Kivitz, da Igreja Batista da Água Branca, em São Paulo. A atmosfera mística dos cultos, com pregações contundentes e orações em línguas estranhas estimula essa percepção, analisa Kivitz.
Para o pastor batista, o pentecostalismo e depois o neopentecostalismo “abrasileiraram” o protestantismo histórico. O pentecostalismo recuperou o profetismo, que animou movimentos religiosos no Brasil, e o neopentecostalismo se apropriou de forças mágicas das religiões afro-brasileiras.
Fonte: ALC / Gospel+