O louvor e adoração é um movimento no meio evangélico que se vale de canções com melodias emocionantes e letras, supostamente, de exaltação da glória e soberania divina. Supostamente porque, na visão de muitos teólogos e pastores, essas composições há tempos não refletem fielmente o texto bíblico.
O pastor Paulo Junior, um dos expoentes da corrente reformada tradicional brasileira, afirmou durante um sermão que “se tem uma área que está sendo corrompida [na Igreja] é o louvor e adoração”, pois em muitos casos, as letras não exaltam a Deus, mas sim, os desejos humanos, o que transforma essas canções em “celebração da carne”.
“Não tem cabimento, gente! O que é que estão fazendo? Isso não é adoração, é celebração da carne, é orgia gospel, é um mercado multimilionário, um mercado prostituto, irreverente, imoral, nojento, asqueroso!”, protestou, mencionado a criticada música Sabor de Mel, da cantora pentecostal Damares.
A falta de direcionamento da adoração a Deus também foi pontuada por Paulo Junior: “O louvor está antropocêntrico! A letra, a melodia, o ritmo, os músicos, os instrumentos, têm apenas uma finalidade: mexer com as emoções do povo, aguçar a carne do povo. São letras, músicas e discos apenas para conseguir vendas. Não têm a menor intenção de adorar ao Senhor”, alertou.
O argumento do pastor usou como base, dentre outros pontos, a etimologia da palavra “louvor”, destacando que, no cristianismo, ela tem como função render elogios a Deus por Sua santidade e atributos. “O louvor vem do hebraico. Uma das traduções quer dizer ‘elogio’. Mas elogiar quem? Elogiar você, elogiar eu? O que é que tem de elogiável nesse mundo caído? É elogiar a Deus. O louvor foi o principal método que Deus recebeu para receber glória”, explicou.
Citando os Salmos, o pastor contextualizou o que é o verdadeiro louvor sob a perspectiva teológica coerente com as Escrituras: “O louvor é teocêntrico, o louvor fala dos atributos de Deus e das obras de Deus. Então sobre o quê nós temos que cantar? Sobre quem Deus é […] Quando os atos de Justiça de Deus se manifestam, não precisa de zabumba, de bumbo, de ‘Ivete Sangalo gospel’, porque quando as obras são cantadas o povo adora!”, sublinhou.
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