O ex-presidente Lula, réu em cinco processos na Operação Lava-Jato, desdenhou da fé cristã durante um comício do PT e demonstrou querer provar, nem que seja no grito, sua honestidade.
Lula, que deverá depor nos próximos dias ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba (PR), fez críticas ao chefe da força-tarefa que investiga o caso petrolão, procurador Deltan Dallagnol, e menosprezou sua fé evangélica.
“Aquele Dallagnol [vem] sugerir que o PT foi criado para ser uma organização criminosa… O que aquele moleque conhece de política? Ele nem sabe como se monta um governo. Não tem a menor noção. Ele acha que sentar em cima da Bíblia dele dá solução para tudo”, afirmou Lula.
De acordo com o líder petista, seus investigadores não têm os requisitos necessários para investigá-lo: “Nem o Moro, nem o Dallagnol, nem o delegado da Polícia Federal têm a lisura, a ética e a honestidade que eu tenho nestes 70 anos de vida”, discursou, desafiando a Lava-Jato na sequência: “Eles foram mexer com quem eles não deveriam ter mexido”.
Segundo informações de jornais como O Globo e O Estado de S. Paulo, Lula disse que se manterá enfrentando o Ministério Público e a Justiça: “Vou nessa briga até o fim. Não tenho negociata. Eles vão ter que provar”.
O comício de Lula, chamado de seminário e com o título “O que a Lava Jato tem feito pelo Brasil”, reuniu reuniu juristas, líderes de movimentos sociais e políticos do PT e de outros partidos que integram a base de apoio de Lula, como o senador Roberto Requião (PMDB-PR).
Arrogância
Em dezembro, Lula, embriagado, desdenhou a iniciativa de investigação dos desmandos na Petrobras durante um evento social.
No discurso improvisado, com um copo de bebida na mão, Lula ironizou os procuradores responsáveis pela Lava-Jato, dizendo que seriam “ungidos por Deus para salvar o mundo” e ainda expressou condescendência com o crime, desde que a transgressão não cause prejuízos imediatos aos empregos dos brasileiros.
“[O que não dá] é você ter em Curitiba, sabe, um agrupamento especial de pessoas ungidas por Deus para salvar o mundo. Eles têm noção de quanto a Operação Lava-Jato já causou de prejuízo à economia desse país, ao PIB desse país? Eles têm noção de quanto desemprego já causou?”, questionou.