O pastor Silas Malafaia continua inconformado com o clima de tensão no país. Em um novo vídeo divulgado em suas redes sociais, o líder religioso voltou a criticar o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas dessa vez fazendo uma cobrança ao chefe do Executivo.
A real intenção do pastor foi explicar aos seus seguidores o motivo pelo qual as Forças Armadas não podem intervir nas questões políticas do país, por conta própria. Tal possibilidade só existirá se alguns dos Poderes da República solicitar essa intervenção, como prevê o Artigo 142 da Constituição Federal.
No caso em tela, Malafaia diz que o contexto atual, segundo ele, permite que Bolsonaro faça essa convocação, portanto, sendo dele a responsabilidade dessa decisão, e não os comandantes das Forças.
“Eles [os militares] estariam se nivelando ao ditador Alexandre de Moraes que já deu um golpe e eu posso provar”, disse o pastor, fazendo referência aos dispositivos da Constituição.
“Olha a bagunça que está aí. Senhor presidente Jair Bolsonaro, o senhor é o presidente legal em exercício, o senhor tem poder de convocar as Forças Armadas na bagunça que este ditador fez. Olha a bagunça que está aí”, acrescentou Malafaia, se referindo ao ministro Alexandre de Moraes.
Traidores?
Na terça-feira, uma polêmica foi desencadeada pelo jornalista Paulo Figueiredo Filho. Isso, porque, durante o programa Os Pingos nos Is, da rede Jovem Pan, o comunicador expor os nomes de três generais do Alto Comando do Exército Brasileiro, os quais estariam agindo em função de interesses próprios.
O jornalista levantou a suspeita de que os generais, neste caso, estariam sendo resistência diante de uma possível intervenção militar, o que levou internautas a chamá-los de “traidores”.
De acordo com Figueiredo, o ex-Advocado-Geral da União, José Levi Mello do Amaral Júnior, que atualmente ocupa o cargo de Secretário-Geral da presidência do TSE, seria amigo íntimo do general Valério Stumpf Trindade, um dos três generais cotados para assumir o comando do Exército no governo Lula.
Com base nisso, Figueiredo questionou: “O secretário executivo do Alexandre de Moraes tem um ‘brother’ no alto comando do Exército (…). Será que o Alexandre toma as decisões com tanta tranquilidade sabendo que não haverá reação?”.
Em nota, porém, o Exército Brasileiro rebateu a especulação levantada pelo jornalista. O ex-comandante da Força, general Eduardo Villas Bôas, considerado um dos nomes mais respeitados entre os militares, também emitiu uma nota pessoal testemunhando em favor dos generais citados, dizendo que ele “atesta” a lealdade dos militares por ter sido parte da formação dos mesmos.
Nota do Exército
Leia a íntegra da nota publicada pela Força Terrestre, em resposta a Figueiredo, abaixo, e o vídeo do pastor Silas Malafaia na sequência:
“Em relação ao divulgado pelo comentarista Paulo Figueiredo Filho, nos dias 28 e 29 de novembro de 2022, o Comando do Exército repele as alegações que ferem a imagem da Instituição e de integrantes do seu Alto Comando.
Os militares da ativa, por definição legal e por compromisso com a Nação Brasileira, são apartidários em suas condutas, preservando os valores pertinentes à carreira das Armas. São servidores do Estado, cuja coesão em torno de suas missões constitucionais é reforçada, permanentemente, pela liderança de seus Comandantes nos diversos níveis hierárquicos.
Os Oficiais-Generais citados são homens honrados, profissionais dedicados e contam com todo o respeito, a amizade e admiração do Comandante do Exército e de seus pares. São militares ilibados e comprometidos com a ética profissional, comprovada ao longo de mais de 40 anos de profissão.
O Exército Brasileiro, por reconhecer a importância dos veículos de comunicação para a esfera pública nacional e para a cidadania, lamenta profundamente especulações que só se prestam para inocular a discórdia e que em nada contribuem para a resolução dos problemas vivenciados em nosso País.
Os comentários apresentados nas matérias não se fundamentam em informações oriundas do Comando do Exército, única esfera a qual cabe transmitir a palavra oficial da Força Terrestre.
Por fim, o Exército Brasileiro segue honrando o seu compromisso inabalável de garantir a Lei, a Ordem e a Paz Social, conforme os preceitos constitucionais, sempre pautado pelas mesmas tradições e valores, que permeiam de forma perene toda a sua História.
O respeito incondicional à Hierarquia, à Disciplina e à Cadeia de Comando é o farol que sempre orientou os rumos de nossa Instituição em todos os momentos de sua existência.”