A condução coercitiva do pastor Silas Malafaia pela Polícia Federal não foi necessária para que ele prestasse depoimento na Operação Timóteo, pois ele se apresentou espontaneamente na Superintendência da PF em São Paulo. No entanto, a repercussão da notícia de que ele é investigado no esquema de desvio de royalties de mineração foi imensa.
Malafaia recebeu um cheque de R$ 100 mil em 2013 de um escritório de advocacia que é investigado como integrante do esquema de corrupção que envolve o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). Por esse motivo, foi obrigado pela Justiça a depor.
Ainda na manhã da sexta-feira, 16 de dezembro, o pastor divulgou um áudio afirmando que não tinha envolvimento com a corrupção e que a forma como a Justiça conduziu a questão prejudicou sua reputação.
No começo da tarde, Malafaia divulgou um vídeo, afirmando que o cheque recebido era uma oferta pessoal dada por um advogado, no valor de R$ 100 mil, e que ele havia depositado o cheque na conta conjunta que mantém com sua esposa, Elizete Malafaia, e declarado Imposto de Renda.
Posteriormente, para reforçar seus argumentos perante a opinião pública, Malafaia publicou outro vídeo, gravado durante um evento promovido pela igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC) em julho de 2013 no HSBC Arena, no Rio de Janeiro, onde ele contava aos 20 mil fiéis presentes que havia recebido uma “oferta pessoal” de um advogado, no valor de R$ 100 mil.
Depoimento
No final da tarde, quando terminou seus esclarecimentos iniciais à Polícia Federal em São Paulo, Malafaia concedeu entrevista coletiva e criticou a forma como a investigação sobre ele foi conduzida.
“É uma tentativa de me denegrir. Tem interesses por trás, porque eu me posiciono. Isso é uma safadeza, uma molecagem. Estou desafiando a provar que eu estou envolvido com esses canalhas. Meta eles na cadeia. Sou a favor da [Operação] Lava-Jato, sou a favor de uma Justiça forte, mas não para isso, para pegar um cidadão que não tem nenhuma acusação e tentar denegrir a imagem diante da opinião pública”, desabafou.
Apoio
Conforme o assunto repercutia ao longo da sexta-feira, algumas lideranças evangélicas se manifestaram em defesa de Malafaia. O senador e prefeito eleito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella (PRB) afirmou crer que o pastor é inocente e terminou envolvido na situação.
“A Polícia cometeu uma injustiça contra um homem de bem que foi vítima de bandidos… Ele é inocente”, afirmou Crivella, acrescentando que o episódio é mais uma demonstração de preconceito contra os evangélicos e destacando que já teve problemas de opinião com o pastor, mas que hoje são aliados políticos.
Outro líder evangélico que saiu em defesa de Malafaia foi o senador Magno Malta (PR-ES), dizendo que a postura do pastor diante das acusações mostra que ele é inocente: “A indignação dos justos. Em nenhum momento o pastor Silas Malafaia fez cara de paisagem, em nenhum momento escamoteou-se, muito pelo contrário, revela com clareza os fatos e às verdades. Eu conheço o pastor Silas Malafaia, homem impetuoso, convicto e cidadão de bem”, disse.
Malta também diz estranhar o fato de o advogado que fez a oferta a Malafaia não tenha tido seu nome mencionado. “No final, tudo isso será esclarecido”, apostou o senador.