No meio evangélico, apesar do nome que faz alusão ao Evangelho, muitas denominações se valem de doutrinas baseadas no judaísmo presente no Velho Testamento para impor restrições e até punições aos fiéis que descumpram as regras.
Tido por muitos como legalismo, essa prática foi tema de um artigo do pastor Silas Malafaia. No texto, o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo reprovou essa postura doutrinária: “Algumas igrejas apregoam o legalismo farisaico e querem parecer-se com os judeus. Com isso, têm contaminado a pureza do evangelho e perturbado a fé dos cristãos, o que, consequentemente, tem impedido que muitos conheçam a verdade de que é Cristo quem liberta”, afirmou.
Para Malafaia, é importante ressaltar que na graça, a salvação é alcançada por misericórdia divina, e não por méritos, e cita textos de Tiago e da carta do apóstolo Paulo aos Gálatas.
“Se os legalistas querem realmente seguir a Lei, deveriam deixar de ser hipócritas e respeitar a Lei como um todo. Afinal, Tiago exortou: Porque qualquer que guardar toda a lei e tropeçar em um só ponto tornou-se culpado de todos (2.10) […] Por isso, não devemos submeter-nos ao legalismo barato imposto por homens. Destaco, então, a resposta chave para o legalismo: Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor (Gálatas 5.6)”, escreveu o pastor.
Segundo Malafaia, uma alternativa para não se submeter a doutrinas e costumes legalistas é trocar de igreja: “Não estou ensinando nenhum cristão a rebelar-se contra sua igreja e seu pastor. Quero apenas trazer um esclarecimento sobre o legalismo. Caso não esteja satisfeito com os costumes de sua igreja nem feliz com o seu pastor, procure outra denominação”, sugere.
Confira a íntegra do artigo “Aplicar a Lei do Antigo Testamento, hoje em dia, não seria legalismo?”, do pastor Silas Malafaia:
A carta aos Gálatas (2.1-19; 3.10,11) é um dos maiores documentos da Bíblia sobre fé e liberdade cristã. Sem esse texto, toda a Igreja estaria mergulhada em ritos e dogmas judaizantes.
Entretanto, mesmo assim, algumas igrejas apregoam o legalismo farisaico e querem parecer-se com os judeus. Com isso, têm contaminado a pureza do evangelho e perturbado a fé dos cristãos, o que, consequentemente, tem impedido que muitos conheçam a verdade de que é Cristo quem liberta.
Como o apóstolo Paulo e a Bíblia tratam da questão do legalismo? Depois de 14 anos de conversão, Paulo voltou a Jerusalém para fazer a defesa do seu apostolado e levou consigo Barnabé, um cristão de origem judaica, e Tito, um cristão de origem gentia, que o ajudaram na evangelização dos gentios (Atos 11.22,24; Gálatas 2.1).
Os judeus cristãos acreditavam que Jesus era o Messias e aceitaram-no como Salvador, mas pensavam que os gentios deveriam circuncidar-se e obedecer à Lei mosaica, para serem salvos.
Por isso, Paulo voltou a Jerusalém para enfatizar que ninguém seria justificado diante de Deus por sua obediência (parcial e imperfeita) à Lei, e sim por Cristo, que obedeceu integralmente à Lei e foi entregue como sacrifício em nosso lugar, a fim de que fôssemos perdoados e justificados diante do Pai celestial: Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé de Cristo e não pelas obras da lei, porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.
Gálatas 2.16
A suprema revelação do evangelho está em uma pessoa: Jesus Cristo, e não em códigos de leis, rituais e costumes de denominação ou igreja evangélica. Deus deu a Lei, mas alguns querem inventar mais regras para “ajudar” o Senhor.
Em algumas igrejas, por exemplo, a mulher não pode cortar o cabelo nem usar batom ou calça comprida, pois os legalistas afirmam que não existe sã doutrina sem bons costumes. Por causa disso, cristãos são excluídos ou não ocupam determinados cargos na igreja.
A evidência da fé cristã, porém, não é a obediência a dogmas ou códigos de lei humanos, mas sim o fruto do Espírito (Gálatas 5.22), que nos assegura as boas obras da fé. Portanto, para que Deus seja glorificado, temos de produzir o fruto do Espírito (Gálatas 5.22).
Se os legalistas querem realmente seguir a Lei, deveriam deixar de ser hipócritas e respeitar a Lei como um todo. Afinal, Tiago exortou: Porque qualquer que guardar toda a lei e tropeçar em um só ponto tornou-se culpado de todos (2.10).
Agora, note o que Paulo diz em Colossenses 2.20-23: Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; as quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum, senão para a satisfação da carne. Logo, ordenança humana e costumes religiosos não ajudam ninguém a alcançar a santificação.
Por isso, não devemos submeter-nos ao legalismo barato imposto por homens. Destaco, então, a resposta chave para o legalismo: Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor (Gálatas 5.6).
Não estou ensinando nenhum cristão a rebelar-se contra sua igreja e seu pastor. Quero apenas trazer um esclarecimento sobre o legalismo. Caso não esteja satisfeito com os costumes de sua igreja nem feliz com o seu pastor, procure outra denominação.
O importante é servir a Deus com alegria, não ser um cristão rebelde na casa do Senhor. Não saia criticando a igreja nem arrume confusão com o pastor, pois isso é sinal de rebeldia. Agindo assim, você acabará atraindo maldição para sua vida.
Sugestão de leitura: livro Porque não sou Legalista, de Silas Malafaia
Por Tiago Chagas, para o Gospel+