Apesar de contar com o apoio da bancada evangélica para assumir a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) não poderá assumir o posto por conta de um acordo entre seu partido e o PT.
Os parlamentares temiam que Bolsonaro – conhecido por suas declarações polêmicas e contrárias à prática homossexual – assumisse a pasta logo após a saída do pastor Marco Feliciano (PSC-SP), que foi amplamente contestado pelos petistas, ativistas gays e feministas.
Numa reunião na última terça-feira, 18 de fevereiro, ficou definido que o PT cederia as comissões de Trabalho e Transporte ao PP e PDT em troca da CDHM. Estiveram presentes na reunião os deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), presidente da Câmara, e os líderes partidários, de acordo com informações do jornal O Globo.
O PSC, que através de Feliciano presidia a CDHM, assumirá a partir de agora a Comissão de Legislação Participativa, de acordo com a Agência Câmara.
No Twitter, o pastor Marco Feliciano minimizou o fato de o PT (partido do qual se tornou inimigo público) vá assumir a comissão que ele presidia, e afirmou que a bancada evangélica estará atenta às manobras que serão feitas na CDHM.
“Aos que acompanham o imbróglio com expectativa fiquem tranquilos! Esvaziamos a CDHM dos projetos polêmicos. E enquanto brigam pela CDHM já articulamos com os deputados evangélicos as comissões que estrategicamente devem ocupar e tudo isto sem abandonar a CDHM. Está tudo pela ordem. Mais engraçado ainda é ver um Porta dos Fundos fazer abaixo assinado contra Bolsonaro. Isso mostra que é um ignorante político! Rs. Não sabe o que é jogo de cena, ou sabe e faz o que sempre me acusou de fazer: quer aparecer”, disse o pastor, dando a entender que o apoio a Bolsonaro por parte da bancada evangélica seria na verdade, uma estratégia para que o PT abrisse mão de comissões mais importantes.
Já o deputado e ativista gay Jean Wyllys (PSOL-RJ) criticou a postura do PT de só optar pela CDHM diante das barganhas políticas entre os partidos representados na Câmara: “O líder do PT soube também da pressão externa e avaliou que perder a CDHM para fascistas ou fundamentalistas seria um enorme desgaste… O líder do PT avaliou que perder a CDH seria um desgaste para o partido em ano eleitoral; Então, decidiu negociar com o PTB e fez a troca. A CDHM volta a ser presidida pelo PT (Maravilha! E digo isso apenas levando em conta o trabalho dos amigos Erika, Nilmário, Luiz e Tom). Mas é lamentável que a CDHM não seja a primeira escolha de qualquer partido. Uma pena o PSOL não ter bancada suficiente para participar da escolha das presidências das comissões!”, lamentou.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+