Manuela D’Ávila (PCdoB), 36 anos, já tem uma longa trajetória política. Eleita pela primeira vez em 2004 para o cargo de vereadora em Porto Alegre (RS), a parlamentar que hoje é candidata a vice-presidente na chapa de Fernando Haddad (PT), já foi deputada federal e atualmente exerce mandato na Assembleia Legislativa de seu estado.
Seus posicionamentos sobre pautas morais, como religião, aborto, união entre pessoas do mesmo sexo, drogas e punição para crimes são bastante contundentes, sempre alinhados com a visão ideológica de esquerda.
Em novembro de 2017, Manuela concedeu uma entrevista à Folha de S. Paulo e afirmou que tem “origem cristã”, embora não se identifique ou pertença a nenhuma denominação.
“Acho que o povo evangélico, povo cristão – minha origem é cristã – é um povo que acredita no amor ao próximo”, comentou na ocasião, no contexto de sua oposição às pautas conservadoras adotadas pela bancada evangélica.
Sobre aborto, Manuela D’Ávila afirmou, em 2014, ao extinto programa Agora é Tarde, da Band, que por “uma questão de respeito às mulheres” é favorável à legalização. “Todo mundo fala: ‘é um debate sobre a vida’. E eu quero debater a vida das mulheres que morrem se submetendo a processos clandestinos. E as mulheres pobres, porque as mulheres ricas vão em clínicas maravilhosas como se fossem legalizadas e não morrem. Então esse também é um problema de classe social. As ricas não morrem fazendo aborto”, afirmou.
O chamado casamento gay é outra pauta progressista abraçada pela candidata a vice há anos. Em 2015, ela usou as redes sociais para parabenizar os Estados Unidos pela aprovação da união de pessoas do mesmo sexo:
“O mapa abaixo, com os poucos países que aceitam o casamento entre homossexuais, deixa claro o quanto ainda é preciso avançar. Respeitar a diversidade é apoiar o amor. Seguimos na luta!”, disse em sua página no Facebook.
Sobre drogas, a política gaúcha se apresenta como favorável à descriminalização: “Quantos jovens morrem, qual é a situação da segurança, qual o resultado concreto. Os números mostram que a violência aumentou a partir de uma política de guerra às drogas. O Brasil pode fazer esse debate, vinculando inclusive a tributação das drogas a campanhas educativas de prevenção do consumo de todas as drogas. O Brasil subestima o consumo de drogas lícitas”, afirmou à Veja.
Contrária à mudança no Estatuto do Desamamento, Manuela D’ávila se opõe à visão de Jair Bolsonaro sobre o assunto, de acordo com informações do site Rede Brasil Atual: “Qual é a proposta que o outro tem para a segurança pública? Nenhuma, a não ser a ideia de que todo mundo tem que se armar para se defender”, comentou na ocasião.
No mesmo âmbito da segurança pública, a candidata comunista é uma das incentivadoras da proposta adotada por Fernando Haddad em seu plano de governo, que prevê a liberação de presos condenados por crimes considerados “menores”. “Essa política do encarceramento em massa não dá resultados positivos para nossa gente”, afirmou em um manifesto lançado em abril deste ano.
Na lógica de Manuela D’Ávila, esse posicionamento deve ser estendido ao ex-presidente Lula (PT), conforme declaração dada ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em junho: “Sabemos as razões pelas quais o ex-presidente Lula está preso. Ele está preso porque é o primeiro lugar nas pesquisas eleitorais. Todos nós sabemos que o juiz Sérgio Moro é um homem que desfila mundialmente acompanhado dos líderes dos outros partidos, dos partidos de oposição ferrenha ao ex-presidente Lula. […] Sim, enquanto não houver nenhuma única prova contra ele, se eu for presidente do Brasil eu darei indulto a ele”, afirmou na ocasião.
Posteriormente, com a rejeição da candidatura de Lula à presidência pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Manuela desistiu de ser cabeça de chapa e se aliou a Fernando Haddad, como vice na chapa.
Bolsonaro
Em outubro de 2013, a jornalista Letícia Gonzalez, da revista TPM, publicou um perfil da deputada. Na entrevista, Manuela contou que dois anos antes havia tido seu primeiro destempero como parlamentar, justamente por conta do estilo boca-dura do atual líder das pesquisas para presidente.
“Na Câmara teve uma única vez que eu saltei em cima de um deputado, o [Jair] Bolsonaro. Eu presidia a Comissão de Direitos Humanos e fiquei aguentando o debate todo, esperando minha vez de falar, porque é assim que é, ele é deputado… Mas nesse dia [em 2011] ele disse pro deputado Jean Wyllys que o pai dele tinha vergonha por ter um filho gay. Isso é repugnante, ultrapassa o que meu estômago consegue aguentar”, contou.
Ela acrescentou ainda que também não morre de amores pelo pastor Marco Feliciano (PODE-SP), ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias: “A gente pode lutar para que a Comissão de Direitos Humanos nunca mais tenha um Marco Feliciano”, resumiu.