Uma denúncia de corrupção e crime eleitoral supostamente praticados pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), legenda que abriga o deputado federal Jean Wyllys, foi tema de uma publicação do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) em seu perfil no Twitter.
Feliciano ironizou o fato de que o partido é um de seus principais opositores na Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) e agora, está envolto em denúncias de corrupção: “Fiquei sabendo hoje que um dos partidos que mais me perseguiram e que encarnam o moral aqui na Câmara foi denunciado por desvio de verbas de uma ONG. Usaram o dinheiro da ONG para fazerem a campanha dos seus deputados. E pasmem a denuncia foi feita por uma parlamentar deste mesmo partido”, publicou o pastor.
A fala de Feliciano foi comentada pelo pastor assembleiano Abner Ferreira, em tom de ironia: “Marco Feliciano, tem notícias do mensalão do PSOL? O PSOL virou PSIU… Ninguém comenta nada… rsrs”.
A denúncia foi tema de reportagem do Jornal Nacional, que ouviu o deputado Jean Wyllys, citado nas investigações como um dos beneficiados pelo esquema de boca de urna supostamente montado pelo partido nas eleições de 2010. O ex-BBB negou que tivesse conhecimento do caso: “Não tinha conhecimento disso. Para mim, esta referência à boca de urna é uma novidade”.
O desvio
A principal acusada do esquema de corrupção é a deputada estadual Janira Rocha, presidente estadual do PSOL no Rio de Janeiro e líder da bancada do partido na Assembleia Legislativa (Alerj). Gravações feitas durante reuniões da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social (Sindsprev) mostram a deputada admitindo que se beneficiou de um esquema de caixa dois com o desvio de dinheiro do sindicato.
No áudio obtido pela Polícia, Janira demonstra preocupação com a possibilidade de vazar um documento que a comprometesse: “Qual é o problema? Todo mundo sabe que foi dinheiro para minha campanha, o problema é que tem um documento, em papel timbrado, de uma regional do sindicato, de uma dirigente do sindicato, dizendo, entendeu? Que o dinheiro do sindicato foi para a minha campanha. A gente pode botar no relatório que o dinheiro foi para atividades políticas, mobilizadoras. Não pode dizer que foi para a construção de PSOL, foi para a disputa, para eleger deputado. Isso não pode, isso é crime”, diz a deputada.
Numa entrevista à TV Globo, Janira se negou a comentar as acusações: “Eu não tenho nada a temer. Eu não tive ainda acesso ao dossiê. Eu não vi. Eu não sei do que está dito dentro, a não ser as questões que estão colocadas na imprensa. Eu acho que as gravações refletem uma determinada conjuntura, reflete um debate em que eu estava fazendo, uma discussão que eu estava fazendo – inclusive publicamente”.
“Psol é um PT mixuruca”
Um dos principais críticos aos partidos de esquerda no Brasil, o jornalista Reinaldo Azevedo, de Veja, publicou em sua coluna no site revista um artigo sobre o caso.
“Entre os papéis que compõem um dossiê elaborado por ex-assessores seus [de Janira Rocha], que tentaram extorqui-la, evidências de financiamento irregular de boca de urna das campanhas dos deputados federais Chico Alencar e Jean Wyllys. O primeiro chamou a coisa de ‘papelucho’, indignado, claro! O outro, num tom baixo e profundo, diz não saber de nada. O PSOL é o partido que comandou a invasão da Câmara de Vereadores do Rio porque, sabem como é, não suporta corrupção. Reitero: no partido, Janira é peixe graúdo”, pontuou o jornalista.
O ataque ao Psol foi reiterado pelo jornalista, que classificou o partido como “um PT mixuruca, com complexo de moralidade”, e afirmou que a aplicação da lei deve ser feita em sua íntegra: “Ela [Janira Rocha] recebeu doação ilegal, de maneira confessa e inequívoca, o que resulta, segundo a lei, em cassação de mandato. Mas não só ela. Também o registro do PSOL, se a lei for cumprida, tem de ser cassado”, escreveu Azevedo, citando o Inciso IV do o Artigo 31 da lei 9.096, que regulamenta a atuação dos partidos.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+