Protestos de ativistas gays durante o Glorifica Litoral, em São Sebastião, SP, resultou em tumulto e na prisão de duas jovens homossexuais, a pedido do pastor Marco Feliciano (PSC-SP).
As jovens Joana Palhares, 18 anos, e Yunka Mihura, 20 anos, estavam se beijando durante o sermão em protesto, quando Feliciano pediu que os policiais intervissem.
“A Polícia Militar que aqui está, dê um jeitinho naquelas duas garotas que estão se beijando. Aquelas duas meninas têm que sair daqui algemadas. Não adianta fugir, a guarda civil está indo até aí. Isso aqui não é a casa da mãe Joana, é a casa de Deus”, disse o pastor.
As ativistas afirmaram que houve abuso de autoridade e violência por parte dos policiais: “Eles tiraram a gente do meio do povo e colocaram para dentro da grade. A partir do momento em que levaram a gente para debaixo do palco, me jogaram de canto na grade, deram três tapas na minha cara e começaram a torcer meu braço”, disse Joana Palhares.
Já sua namorada, Yunka Mihura, disse que haviam casais hetero se beijando no local, e que o pastor não pediu que a Polícia os impedisse. Ela confirmou a versão de Joana: “Foi completamente injusto e horrível. Nunca senti tanta impotência ao ver os policiais batendo nela, me segurando forte e eu não podendo fazer nada. Não tiraram a gente da grade, fomos jogadas”.
O advogado de Joana e Yunka, Daniel Galani, afirmou ao G1 que entrará com uma ação para que seja averiguado quem foram os responsáveis pela agressão às suas clientes.
“A gente vê que foi uma situação que fugiu completamente ao controle. A gente sabe que existiam dois direitos em conflito: um é a liberdade de expressão e o outro a liberdade do ato religioso. Os dois direitos são constitucionais e estão previstos para que as pessoas possam fazê-los”, declarou, antes de complementar dizendo que fará uma representação contra Marco Feliciano nesta segunda-feira, 16 de setembro.
O pastor Marco Feliciano limitou-se a comentar a atitude das jovens: “Aquilo é desrespeito. Com isso eles me fortalecem e se enfraquecem, porque qualquer pessoa de bem sabe que em um ambiente religioso não é lugar de fazer o que aquelas pessoas fizeram. Eu lido de maneira natural e eles deveriam ter um pouquinho mais de juízo e me esquecer”.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+