Em meio à enxurrada de críticas e acusações de racismo e homofobia, o pastor Marco Feliciano começou a se defender das denúncias.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados publicou em seu site, uma resposta às críticas feitas a ele por pedir, durante um culto, que um fiel informasse a senha de seu cartão de débito.
No texto assinado pela assessoria do pastor, a justificativa dada para o fato é que “Feliciano declarou que apenas estava brincando ao anunciar o nome do irmão Samuel Souza no microfone a fim de devolver o cartão que chegou dentro da salva de ofertas recolhidas na manha daquele domingo, e poderia ter chegado ali por engano, já que as salvas recolhem somente ofertas em dinheiro”.
A nota no site do pastor traz ainda um depoimento do proprietário do cartão: “Na ocasião eu não tinha nenhum recurso para ofertar, mas meu desejo era muito grande de colaborar devido à necessidade de nossos missionários e crianças […] Senti vontade de ofertar novamente, porem sem mais recursos disponíveis resolvi fazer um ato profético de consagrar simbolicamente a minha conta corrente, coloquei meu cartão nas salvas de oferta e com fé acreditei que isso abençoaria minhas finanças […]Na época eu nem esperava em casar, nem pretendente tinha (risos), ganhava muito pouco como eletricista. Em um ano minha vida deu uma reviravolta, conheci uma pessoa maravilhosa, nos casamos, tenho uma linda casa toda mobiliada, não pago aluguel e consegui emprego como inspetor de manutenção elétrica”, relatou Samuel Souza.
Numa entrevista concedida à edição online do jornal Folha de S. Paulo, Feliciano afirmou que sofre perseguição da “ditadura da desinformação” e se comparou à blogueira cubana Yoani Sanchez: “A situação está tomando dimensões muito estranhas. É assustador, estou me sentindo perseguido como aquela cubana lá. Como é o nome? A Yoani Sánchez”, disse, afirmando que considera pedir proteção policial para garantir sua segurança, pois os protestos contra ele estariam tomando proporções inesperadas.
Neste domingo, 10 de março, uma filial da Igreja Assembleia de Deus Catedral do Avivamento foi palco de protestos de militantes gays que o acusam de racismo e homofobia. “Não sou homofóbico, estou sendo mal interpretado. Peço apenas que me deem uma chance. Não fiz mal algum a ninguém e, se alguém acha que fiz, que me perdoem pelo mal entendido”, defendeu-se o pastor Marco Feliciano.
Entretanto, em resposta à manifestação, Marco Feliciano convocou um protesto pacífico em Ribeirão Preto, com a presença de pastores e fiéis de variadas denominações, e divulgou no Youtube um vídeo em que mostra as cenas do protesto realizado ontem. Veja abaixo:
Manifestações de apoio a Feliciano também começaram surgir de dentro do meio evangélico. O pastor assembleiano Ciro Zibordi publicou em seu blog um artigo em que comenta os fatos envolvendo o deputado: “Creio que não foi por acaso que a Comissão de Direitos Humanos e Minorias ficou a cargo dos evangélicos. Deus pode ter permitido isso a fim de impedir que o movimento evangelicofóbico dê continuidade a seus maus intentos”, escreveu.
Zibordi prega a união dos setores evangélicos em prol de um fortalecimento de direitos e garantia de liberdade de expressão e culto: “Penso que não é momento de atacar ou ridicularizar os parlamentares cristãos, mesmo que alguns deles tenham deixado a desejar como pastores ou pregadores, no passado. É tempo de orar por eles, pois os tais evangelicofóbicos estão ainda mais furiosos, depois da derrota que sofreram na Câmara Federal”.
Já o jornalista Reinaldo Azevedo, colunista da revista Veja, criticou os manifestantes que querem a queda de Marco Feliciano de seu cargo: “Nas ruas, protestando contra Feliciano, estão, além de grupos gays, militantes do PT, do PCdoB, do PSOL… Santo Deus! O mensalão cobriu de vergonha o país, e os petistas foram à praça defender seus condenados. O PCdoB protagonizou um escândalo gigantesco no Ministério dos Esportes e ainda hoje canta as glórias de Stálin, o facinoroso. O PSOL tem entre seus fundadores um terrorista italiano que, em 1973, despejou gasolina sob a porta de um apartamento, na Itália, onde estavam um gari, sua mulher e seis filhos. Ateou fogo. Morreram uma criança de 8 anos, Stefano, e seu irmão mais velho, de 22, Virgilio. Essa gente vem falar em ‘direitos humanos’? Ora…”.
Usando as redes sociais, o pastor adotou tom apaziguador e pediu perdão a quem tenha se ofendido com suas declarações a respeito de maldições contra a África que são mencionadas na Bíblia e com sua pregação contrária à homossexualidade: “Que Deus em Cristo abençoe os ativistas de todos os movimentos e se em algo os ofendi, que possam perdoar em nome de Jesus”, escreveu Marco Feliciano, que divulgou em sua página no Facebook, uma imagem (acima) em que aparece abraçado à sua mãe, mulata, e seu padrasto, negro, como forma de rebater as acusações de racismo.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+