A psicóloga e escritora Marisa Lobo, pré-candidata ao cargo de deputada federal pelo Paraná esse ano, publicou um artigo onde critica a forma como o programa do apresentador Pedro Bial tratou o tema “suicídio assistido” no último dia 17, alegando que ao invés de incentivar a vida, o talk show promoveu uma “cultura de morte”.
“A verdade é que pessoas como eu e outros conservadores que defendem o direito à vida a todo custo, terminam sendo retratados como retrógrados e incapazes de compreender a dimensão do sofrimento envolvido em um processo de decisão como esse, pelo suicídio assistido”, escreveu a psicóloga.
Marisa explica que ao retratar o Brasil como um país “atrasado” em comparação com outros, como a Suíça e o Canadá, onde o suicídio assistido é legalizado, pessoas que lutam em favor da vida são consequentemente vistas como preconceituosas, quando na realidade não são.
“É justamente porque entendemos que todos nós desejamos viver, e viver o máximo possível, que defendemos a vida, mesmo nas condições mais difíceis”, disse a psicóloga, destacando que o motivo principal pelo qual algumas pessoas optam pelo suicídio assistido é a fala de acolhimento e suporte adequado de saúde.
“Não se trata de uma percepção nossa, apenas. Ou seja, de quem não está passando pela dor. Essa também é a opinião da absoluta maioria dos pacientes que estão em estágio terminal”, disse ela, citando uma reportagem da CBC News, onde é revelado que o número de suicídios assistidos aumentou 30% no Cadaná após a legalização, sendo a idade média das pessoas que optam pela morte de 73 anos.
“O que poucos sabem, exatamente porque esse não é o lado explorado pela grande mídia em sua maioria promotora da cultura de morte (…), é que a maioria desses pacientes relataram situações de sofrimento durante o tratamento das doenças. A falta de estrutura médica e principalmente apoio familiar são os principais ‘gatilhos’ para a decisão de tirar a própria vida. Não é por acaso que a maioria são idosos”, explica Marisa.
“A sensação de estar abandonado e não ser mais “útil” para a família e sociedade em geral, revelam algo muito mais grave do que pensamos. Isso mostra que no lugar de tratar o sofrimento humano em sua origem, permitindo que tais pessoas possam lidar com o sofrimento de forma digna e acolhedora, o mundo está incentivando a morte delas”, acrescenta.
“A humanidade está se ‘desumanizando’”
Para Marisa Lobo, a forma como o programa de Pedro Bial abordou o tema, colocando o suicídio assistido como uma opção, é uma forma de utilizar a narrativa dos “direitos humanos” para sancionar o que a autora chama de “cultura de morte”.
“A intenção de muitos que aparecem com discursos polidos em programas como o de Pedro Bial, falando em nome dos “direitos humanos” e da “liberdade” [é] sancionar a morte, do útero materno ao doente no leito de hospital”, declara a psicóloga.
Por fim, Marisa Lobo afirma que precisamos distinguir o sofrimento humano de quem pretende instrumentalizar esse sofrimento em prol dos seus interesses. “Não podemos confundir os que desejam legalizar a morte com os que enxergam na morte uma solução para suas dores”, disse ela, segundo informações do Guiame.
“Enxergar sentido no sofrimento é um desafio, assim como lidar com os temores que todos nós temos diante da morte. Alguns simplesmente querem evitar essa angústia abreviando seus dias, como se não houvesse mais esperança e o temor da morte seduzisse mais do que o brilho do sol a cada manhã. O nosso papel enquanto sociedade é acolher o sofrimento, compreender e incentivar a vida, custe o que custar”, conclui Marisa.