O famoso reality show de culinária Masterchef serviu como oportunidade a um missionário evangélico para que o trabalho social realizado pela igreja evangélica em favelas da capital paulista se tornasse conhecido do grande público.
Transmitido pela Band, o Masterchef já teve uma vencedora evangélica, em 2016. Na ocasião, Dayse Paparoto venceu a competição e glorificou a Deus por sua vitória. Dias depois, ao recusar o papel de símbolo do movimento feminista, ela passou a sofrer ameaças nas redes sociais.
Em 2020, a competição está chegando ao fim, e um dos participantes, Antonio Junior (apelidado de Juneu) falou na última terça-feira, 15 de dezembro, sobre sua atuação como professor de teologia e o trabalho missionário e social desenvolvido com famílias carentes do Jardim Aeroporto, na zona sul de São Paulo.
“É um cuidado integral”, disse Juneu aos jurados e à apresentadora do Masterchef, Ana Paula Padrão. “Acompanhamos todas as áreas da vida das crianças, desde a parte emocional, educacional, família. Em alguns casos cuidamos quando a criança é abusada”, acrescentou.
Jornada
O missionário contou que seu vínculo com as missões urbanas começou ainda na adolescência, aos 17 anos, quando participou de uma ação de distribuição de alimentos para moradores de rua que ocupam o Largo da Concórdia, na região central da capital paulista.
“Eu lembro que tinham 200 moradores de rua dormindo um do lado do outro e aquilo me marcou muito. Eu estava voltando à pé para casa e lembrei de um senhor que eu estava conversando e voltou para dormir no papelão. Aquilo me bagunçou a mente”, relembrou Juneu. “Eu pensei: ‘Nossa, estou indo para uma cama, debaixo de um teto, e um amigo que acabei de conhecer voltou para a rua’. Eu me senti injusto diante daquela situação e isso mudou minha vida”, acrescentou.
Com o tempo, ele passou a ser voluntário do projeto, que é vinculado a uma igreja, e sua relação com os beneficiados se intensificou após um incêndio que destruiu a favela e deixou os moradores “só com a roupa do corpo”: “Eram meus amigos, porque eu cuidava dos adolescentes. Eu liguei para o pessoal da igreja e disse: ‘A casa tem que virar abrigo, eles não têm onde dormir’. Eles disseram: ‘Tá bom, mas alguém tem que morar junto com eles’. Eu disse: ‘Eu vou’. Eu passei a morar com 52 pessoas por um ano e não saí mais de lá”, relatou.
Seguidor de Jesus
Hoje, casado e com três filhos (dois biológicos e outro afetivo), Antonio Junior disse a Ana Paula Padrão que a cozinha significa, para ele, uma oportunidade de anunciar Jesus Cristo: “Cozinhar é uma forma de transmitir relacionamento, carinho por uma pessoa. Eu vejo isso também em Jesus”.
“No último encontro que Ele teve com seus amigos, que eram seus discípulos, Ele fez um jantar, e expressou carinho através daquela refeição. Foi através de um vinho e um pão que Ele disse: ‘Não se esqueçam de mim’. A refeição simboliza muito isso, o relacionamento e amizade entre pessoas”, finalizou.