Um casal muçulmano no Paquistão converteu à força uma menina cristã de 13 anos ao islamismo para que ela pudesse trabalhar como cozinheira e tocar em utensílios e alimentos. Agora eles se recusam a permitir que ela volte para casa para seus pais.
O caso registrado na província de Punjab virou notícia internacional após um relatório enviado ao Assistance and Settlement, um centro de assistência jurídica no Reino Unido que atua como uma organização sem fins lucrativos.
Tratado como sequestro, já que o casal exige que se pague um resgate, o caso da menina cristã Neha expõe o ambiente de hostilidade que muitos cristãos enfrentam ao redor do mundo.
O homem, identificado apenas como Altaf, seria médico e teria dito aos pais de Neha, que ela foi convertida ao islamismo e que ele e sua esposa a mantinham como serva.
O pai de Neha, Munawar Masih, e sua esposa, Mehtan Bibi, que moram no distrito de Muzaffargarh, são pobres e esperavam que sua filha ganhasse um pouco de dinheiro trabalhando na casa de Altaf.
A adolescente cristã tem sete irmãos e seus pais ganham apenas cerca de US$ 50 por mês. Altaf foi apresentado a Masih como alguém que procurava empregar duas meninas para trabalhar em sua casa, de acordo com informações do portal The Christian Post.
O sequestro
Inicialmente, Masih enviou Neha e sua irmã, Sneha, para trabalhar na casa do médico, e as duas trabalharam lá por quatro anos, apesar de serem tratadas como escravas.
As irmãs “reclamaram dos maus-tratos por parte da família, que as xingava e até as agredia fisicamente”, diz o relatório do centro de assistência jurídica.
Quando tiveram oportunidade, as meninas disseram à família que queriam voltar para casa, mas o Altaf não permitiu que eles saíssem. As meninas receberam a promessa de receber US$ 65 por mês, mas receberam apenas US$ 20.
Devido à deterioração de sua saúde, Altaf permitiu que a irmã de Neha voltasse para seus pais. Mas quando Masih pediu a Altaf para devolver Neha também, ele foi informado que a menina cristã havia abraçado o islamismo e, portanto, não poderia mais viver com seus pais.
Altaf afirmou ao pai da menina que ele e sua esposa não poderiam permitir que uma pessoa não-muçulmana entrasse em sua cozinha e tocasse em seus alimentos e utensílios, então ela teve que se converter.
Ele também alegou que pagou US$ 1.750 a mais ao pai das meninas por engano, e disse que ele deveria devolver esse valor se quisesse ter sua filha de volta.
Abusos
O diretor da entidade que está monitorando o caso, Nasir Saeed, afirmou que “talvez o Paquistão seja o único país onde tais crimes acontecem diariamente sob a cobertura do islamismo”.
“Não pode ser justificado a qualquer custo que uma jovem tenha se convertido ao islamismo contra sua vontade e sem o conhecimento de seus pais e agora ela não pode ser devolvida a seus pais porque seus pais são cristãos, e ela não pode ter permissão para vê-los”, protestou Saeed.
O Movimento para a Solidariedade e a Paz no Paquistão publicou em 2014 um estudo que estimava em cerca de 1.000 o número anual de mulheres e meninas das comunidades hindu e cristã que foram sequestradas, casadas à força com seu sequestrador e convertidas à força ao islamismo no país.
O grupo de vigilância da perseguição internacional Missão Portas Abertas classifica o Paquistão em 5º na Lista Mundial de Perseguição de 2021, um local onde os cristãos enfrentam a perseguição mais severa devido a um nível “extremo” de opressão islâmica.