A ditadura militar de Mianmar vem demonstrando todo seu desprezo pelos cristãos do país com agressões e gestos hostis simbólicos: depois de profanar uma igreja, transformando-a em cozinha para seus soldados, os opressores agora implantaram minas em volta do templo para impedir fiéis de cultuarem.
A situação surreal foi registrada no estado de Shan, que tem a população majoritariamente formada por um grupo étnico que é minoria quando considerado o total de habitantes do país.
Esse estado é um foco de resistência aos militares golpistas, que tomaram o poder do país em um golpe há 19 meses. Por esse motivo, a ditadura intensificou os combates na região, enviando soldados, que passaram a usar um templo católico, Igreja Mãe de Deus, como cozinha para alimentar as tropas.
Os militares avisaram aos fiéis para não se aproximar do templo, pois minas foram instaladas ao redor do edifício durante o processo de desocupação. De acordo com informações do portal The Christian Post, durante o tempo em que a igreja foi ocupada, os opressores destruíram mais de 100 casas na região com ataques aéreos e armas pesadas, forçando 5 mil pessoas a fugirem do local.
As forças de defesa locais publicaram um vídeo nas redes sociais que mostrava o chão sujo da igreja com bancos cobertos de poeira e panelas e uniformes militares dentro do prédio.
Pelo menos seis paróquias da diocese de Pekhon foram abandonadas, enquanto igrejas, incluindo a Catedral do Sagrado Coração, foram repetidamente atacadas e danificadas devido ao conflito em curso.
Em julho, a Anistia Internacional publicou um relatório sobre a situação em Mianmar afirmando que a ditadura militar no país vem praticando crimes de guerra ao colocar, em larga escala, minas terrestres que foram banidas internacionalmente ao redor de aldeias e em alguns locais, dentro dessas vilas.
“Em um momento em que o mundo baniu esmagadoramente essas armas inerentemente indiscriminadas, os militares as colocaram nos quintais, casas e até nas escadas das pessoas, bem como em torno de uma igreja”, disse Matt Wells, vice-diretor de resposta a crises da Anistia Internacional.
Anteriormente conhecido como Birmânia, o país do Sudeste Asiático é o lar da mais longa Guerra Civil do mundo, que começou em 1948. O conflito entre os militares do país, conhecidos localmente como Tatmadaw, e as milícias de minorias étnicas aumentou após o golpe militar de 2021, pois as milícias étnicas têm apoiado manifestantes pró-democracia.
As zonas de conflito estão ao longo das fronteiras de Mianmar com a Índia, Tailândia e China.
Os cristãos representam pouco mais de 7% da nação majoritariamente budista, mas são maioria no estado de Chin, que faz fronteira com a Índia, e no estado de Kachin, que faz fronteira com a China, e compõem uma parte substancial da população do estado de Kayah, que faz fronteira com a Tailândia.