Uma acusação de racismo religioso contra a ex primeira-dama Michelle Bolsonaro foi descartada pelo Ministério Público Federal, que optou por arquivar a denúncia feita em agosto do ano passado.
Na ocasião, Michelle Bolsonaro compartilhou em seus Stories do Instagram uma publicação da então vereadora Sonaira Fernandes, que mostrava um vídeo de Lula em uma cerimônia de candomblé e dizia que o então candidato tinha entregado “sua alma para vencer essa eleição”.
“Lula já entregou sua alma para vencer essa eleição. Não lutamos contra a carne nem o sangue, mas contra os principados e potestades das trevas. O cristão tem que ter a coragem de falar de política hoje, para não ser proibido de falar de Jesus amanhã”, dizia a legenda da publicação de Sonaira Fernandes, atualmente secretária de Políticas para a Mulher da gestão Tarcísio de Freitas em São Paulo.
A publicação nas redes sociais ganhou enorme repercussão, o que gerou uma denúncia contra Michelle Bolsonaro, que à época era primeira-dama e estava engajada na campanha de reeleição do marido, Jair Bolsonaro.
De acordo com informações do jornal O Globo, o procurador da República Frederico de Carvalho Paiva alega que Michelle Bolsonaro apenas escreveu a frase “Isso pode né? Eu falar de Deus não” ao compartilhar a publicação de Sonaira nos Stories.
De acordo com Paiva, as ponderações da ex-primeira-dama “mais se aproximam de um reclame quanto a uma possível intolerância sofrida pela sua crença do que propriamente a um ataque à religião africana”, o que é um exercício legítimo da liberdade de expressão.
O procurador considerou a publicação “preconceituosa, intolerante, pedante e prepotente”, mas enfatizou que Michelle Bolsonaro “encontra guarida na liberdade de expressão religiosa” para expor seus questionamentos sobre o episódio com Lula na cerimônia de candomblé, e acrescentou que “em tal dimensão, não preenche o âmbito proibitivo da norma penal incriminadora”, o que explica a decisão de arquivar a denúncia.